Diante da bateção de cabeça do governo, que cada dia que passa consegue criar alguma crise ou, para dizer o mínimo, constrangimentos internos com sua falta de traquejo para exercer o Poder, abre-se uma avenida larga para que as forças de centro voltem a se rearticular e quem sabe até virar novamente uma opção mais competitiva nas eleições municipais do próximo ano.
Até porque já se sente no ar uma desaprovação cada vez mais explícita de antigos defensores do presidente Bolsonaro com os tropeços do novo governo. Algo que já ultrapassa o universo dos polêmicos tuítes do presidente e sua prole.
No dia-a-dia do Planalto, Bolsonaro também demonstrado mais disposição para seguir confrontando a esquerda, como fez durante a campanha, do que para governar e resolver os problemas do país.
Em vez de usar sua grande influência nas redes sociais para defender a reforma da Previdência, tem dedicado mais tempo para fiscalizar as nomeações e demissões em alguns de seus ministros.
Prova disso é que, depois de fazer o ministro Sérgio Moro passar vergonha ao desconvidar a cientista política Illona Szabo para a suplência do Conselho de Política Criminal e Penitenciária, o presidente esta semana comandou uma série de demissões no Ministério da Educação, por pressão de seu guru Olavo de Carvalho.
E a reforma da Previdência pode ser o ponto de partida para esse freio de arrumação entre os combalidos representantes do centro, sobretudo diante da expectativa de que boa parte dos colegas de partido de Bolsonaro possa ficar contra a proposta do governo. Aliás, como até bem pouco tempo fazia o então deputado Jair Bolsonaro.
Começa a ficar claro para uma parte do eleitorado que preferiu votar em Bolsonaro para impedir a volta do PT, que esse bate-boca e o radicalismo entre militantes da esquerda e da extrema direita já deu e não levará o Brasil a lugar algum. Ou pior, nos levará ao fundo do poço.