Lula eu conheço desde 1978. Ele Já foi muitos Lulas. Agora é um outro Lula. Quer reconstruir sua imagem, chamuscada na corrupção. Como? Como estadista capaz de reprojetar o seu país num cenário mundial, fora da curva. Entre 2002 e 2010 Lula surfou no crescimento mundial. Lula hoje não pode contar com aquele crescimento. Ele não vai reindustrializar o país fora do que a China anuir; não vai desenvolver novas tecnologias fora dos cartéis na área; não vai focar no Mercosul, BRICS, ou no defunto do Foro de SP, fora do pragmatismo e da maturidade tradicional de nossa diplomacia. Lula vai recolocar o Brasil na agenda da sustentabilidade, o nicho da vez, onde há reservas quase infinitas para mega investimentos a longo prazo no país. Riquezas minerais e hidrícas, biomas únicos, botânica (99% a ser explorada), muito solo para produzir alimentos em modelos ecologicamente limpos, etc.
Lula tem pressa. Saúde? Não será problema para 4 anos do mandato. Quatro anos remando contra a maré. Déficit fiscal de 400 bilhões; Congresso Nacional com base bolsonarista fortíssima; reinserção mundial delicada e sob procedimentos lentos diante da Guerra na Ucrânia.
Um desafio. Lula não pode errar. Politicamente o acordo de 2002 com setores corruptos o deixou refém dos grupos mais arcaicos da nossa política. Economicamente, não há como trocar assimetricamente ganhos estratosféricos de bancos e efetividade de direitos fundamentais. Terá que enfrentar o maior embate entre forças predatórias rentistas e agências ambientais com poder de financiar o Brasil em outros patamares de modo de desenvolvimento.
Terá que se afastar de uma tropa de vampiros ao seu redor, sob o risco de ver nas ruas mais escândalos.
Vamos ver esse filme conhecido, o Transformismo 2, torcendo para que o conceito torne-se inútil na prática governamental.
Ruim com Lula, pior sem Lula.
– Edmundo Lima de Arruda Jr