Em Brasília, boa parte da população ficou em dúvida se aquele domingo era o Dia das Mães ou o Dia das Motocicletas, dada a junção das duas comemorações. Uma de família, outra de propaganda política motorizada. Demonstração de suposta força. Com o soar das buzinas e tendo a frente o presidente e atleta Jair Bolsonaro. Em ebulição para obter mais apoio popular e se reeleger Presidente da República.
Seus contendores estão na expectativa do que poderão fazer de semelhante. O capitão percebeu que alcançar seu objetivo terá mais problemas do que imaginava, por isso começa a cuidar da pré-campanha. O fantasma do Lula voltou com cara de anjo liberado pela Justiça. Os demais ainda se organizam. Bolsonaro é o mais animado e irritado – promove brincadeiras além dos limites da educação e do respeito – e imagina ter seu futuro político garantido. A ideia é mostrar a imagem de um homem preparado e disposto a explosões de iniciativas que ajudem a atingir seu objetivo.
O atleta candidato estimula manifestações ruidosas e exibicionistas em busca do agrado popular. Supõe poder transformar seu governo numa alegre brincadeira. Churrasquinho com amigos na piscina do Alvorada, desfile de motocicletas, deboche e xingamento de repórteres, governadores, autoridades do Judiciário. As milícias eletrônicas ativas na promoção. Classificando-se como um grande atleta do Exército, além das motos o candidato domina o jet sky, mas necessita outras modalidades para impressionar o público.
Desde o início de seu governo, sem nenhum argumento plausível, o atleta Bolsonaro tenta desmoralizar a votação eletrônica realizada há anos no Brasil, com absoluto sucesso. Sem risco de fraudes. Ele quer o retorno do voto do papelzinho dobrado e colocado na urna, esse sim, altamente sujeito a fraudes. Agora apelidado de voto auditável, a insistência por tal mudança levanta suspeitas.
Um governo com eventos de lazer comandados pelo presidente ganha adeptos mas deixa outros aborrecidos pelos incômodos causados. Já se cogita de mais duas invasões de motocicletas, no Rio e em São Paulo, para repetir o exemplo de Brasília. E porque não uma exibição com mais de cem jet skys no Guarujá, já que a segurança vetou um voo de Asa Delta da Pedra da Gávea? Campanha cara mas divertida. E os palavrões se repetindo, no mínimo “sai da minha frente, porra”. Ele quer ganhar todas.
Nessas promoções político-eleitoreiras-esportivas é proibido falar de covid, falta de comida para o povo e outros problemas do governo. A finalidade é lutar para conquistar mais apoio popular.
— José Fonseca Filho é jornalista