Em queda livre nas pesquisas de intenção de voto para governador de Alagoas, o ex-presidente Fernando Collor (PTB) foi protagonista, esta semana, de um vídeo em que aparece fazendo pajelança com indígenas da etnia Karapotó.
A dança ritualística, supostamente destinada a espantar a má sorte de Collor, caiu nas redes sociais junto com a notícia de que o ex-presidente pediu à Justiça Eleitoral a impugnação da última pesquisa de intenção de voto. Nela, ele aparece ladeira abaixo, em terceiro lugar, depois de liderar a disputa por vários meses.
Um detalhe paradoxal: O levantamento, feito pelo Ipec (ex-Ibope), foi encomendado pela TV Gazeta, da própria família Collor. O ex-presidente figura com 17% das intenções de voto, atrás do atual governador Paulo Dantas (24%), do MDB – aliado do histórico rival, senador Renan Calheiros -, e do deputado federal Rodrigo Cunha, do PTB (21%).
Rodrigo, o segundo colocado, é filho da ex-deputada Ceci Cunha, assassinada junto com o marido e dois outros membros da família, em 1998, na varanda da própria casa, em Maceió, quando ela comemorava a diplomação para exercer o mandato para o qual tinha sido reeleita.
A chacina foi encomendada pelo primeiro suplente do pleito, o médico Talvane Albuquerque, que perdeu o mandato e foi condenado a cem anos de prisão. O único deputado que o defendeu em plenário e votou contra a cassação do colega, foi Jair Bolsonaro, que hoje apoia Collor na disputa.
A cena chocante de Bolsonaro discursando em plenário em apoio ao assassino da colega foi lembrado pela senadora Simone Tebet, candidata a presidente pelo MDB, durante o debate realizado pela TV Bandeirante no domingo passado, 28 de agosto.
Para suprema humilhação, Collor ainda pode ser ultrapassado pelo ex-prefeito de Maceió, Ruy Palmeira (PSDB), que cravou 15% das preferências e vem em curva ascendente nas pesquisas.
O ex-presidente tinha como seu maior trunfo o apoio de Bolsonaro, que no entanto também está levando uma surra nas pesquisas no Estado, a exemplo do que ocorre em todo o Nordeste. A aliança revelou-se um abraço de afogados.
Restou a Collor, enfim, buscar afago na espiritualidade indígena. Veja o vídeo: