Os analistas e a imprensa estão tão focados no duelo entre Lula e Bolsonaro que nem estão percebendo as mudanças sutis que estão aparecendo nas pesquisas, principalmente em relação à Simone Tebet, mesmo antes da confirmação do apoio do PSDB à sua candidatura.
O IPESPE tem realizado pesquisas semanais e com elas dá para ter uma boa idéia da evolução. Usei a pesquisa da primeira semana de Junho que foi registrada no TSE sob o número 02893/2022.
Vou focar aqui principalmente no quadro de probabilidade de voto da página 28.
Vou tentar ser bem didático, tentando não deixar o leitor muito confuso com esses números.
O quadro mostra qual a probabilidade do eleitor votar ou não na Tebet. São quatro informações:
- a) Votaria com certeza;
- b) Poderia votar;
- c) Não votaria de jeito nenhum; e
- d) Não conhece o suficiente.
Comparando os números de Simone Tebet da ultima pesquisa com os de um mês atrás, temos que:
“Votaria com certeza” sai de 2% pra 7%; “Poderia votar” cresce de 13% pra 25%; Na soma, os que admitem votar em Tebet passam de 15% (2+13) para 32% (7+25). Um crescimento excepcional de 17 pontos percentuais!
E de onde veio esse crescimento?
Os que disseram que “Não votaria de jeito nenhum” descem de 35% para 31%, uma redução de 4%; E os que disseram que “Não conhece o suficiente” caem de 49% para 36%, significando menos 13%. Uma redução de 17 pontos percentuais (4+ 13), exatamente igual ao crescimento de 17 pontos do item anterior.
Deu pra perceber? Quanto mais a candidata Simone Tebet fica conhecida, mais aumentam os que admitem votar nela.
Se os que admitem votar na candidata somam 32% e os que a desconhecem somam 36%, essa candidata tem um potencial máximo (TETO) aproximado de 68%.
Para efeito de comparação com os outros candidatos, temos que, em relação a um TETO:
Lula tem 44 + 12 + 1 = 57%;
Bolsonaro tem 33 + 8 + 1 = 42%;
Ciro tem 12 + 43 + 4 = 59%;
Tebet tem 7 + 25 + 36 = 68%.
O que atrai a tenção dos analistas em relação á intenção de voto é o primeiro número, que é o voto com certeza, onde Lula e Bolsonaro dominam com 44 e 33 respectivamente e onde Ciro e Tebet tem mais força no segundo número (“Poderia votar”).
Mas quando incluímos na equação o percentual do desconhecimento, vemos que os três primeiros são bastante conhecidos, enquanto que a candidata Tebet é desconhecida para 36% dos eleitores.
E esse desconhecimento pode se transformar em votos? Parece que sim, como vimos lá no inicio. Em um mês, todo o ganho de conhecimento virou potencial de votos para a candidata.
As pesquisas ainda tem margens que podem confundir. Por exemplo, se os que dizem que votariam com certeza em Simone Tebet são 7%, como na mesma pesquisa de intenção de votos ela aparece com apenas 3%?
Como eu disse no meu último artigo, potencial não basta. Ela precisaria tirar daqueles “votos com certeza” somados com os “poderia votar” de Bolsonaro e Lula, 8 a 10 pontos de cada um e ainda uns 3 a 7 pontos dos não definidos, indecisos e dos outros candidatos para poder disputar o segundo turno.
Um item a ser acompanhado nas pesquisas é o desempenho da candidata em um possível segundo turno contra Lula, Bolsonaro ou Ciro.
Nas mesmas duas pesquisas citadas, temos:
Contra Lula, de 57 X 18 para 56 X 20 (com 24% de indefinidos);
Contra Bolsonaro, de 40 X 34 para 41 X 37 (com 22% de indefinidos);
Contra Ciro, esse item não foi computado.
Novamente com Tebet mostrando progressos e um número enorme de indefinidos.
Enfim, como parece que finalmente o PSDB se decidiu pelo apoio à candidata, e com, provavelmente, Tasso Jerreissati como vice, a candidatura de Simone Tebet vai ser progressivamente mais conhecida, com os desdobramentos possíveis mostrados acima.
Enfim, muita água pra rolar por baixo da ponte! Vamos acompanhar…