Os acenos mútuos entre o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin estão cada vez mais fortes. O que parecia jogo de cena pode se transformar em fato político. Mas a grande pergunta é: será que vai dar match? Talvez, mas certamente em torno de uma aliança visando o governo de São Paulo, o que não é pouca coisa, diga-se de passagem. Mas com relação à composição da chapa para a disputa presidencial, aí já são outros quinhentos.
Óbvio que a divulgação das conversas entre os dois é bom para ambos os lados. Da parte do ex-presidente, melhora sua imagem, desgastada pelos escândalos de corrupção envolvendo o PT e o próprio Lula e pelas suas escorregadas ao defender ditaduras e o controle da mídia. Pelo lado de Alckmin, abre espaço para o Picolé de Chuchu falar para um eleitorado no qual ele nunca teve grande penetração.
Fora isso, a cada reunião, marcada ou cancelada, os nomes dos dois vão parar nas manchetes dos jornais de forma mais positiva que negativa. Assim, seguem alimentando o noticiário e as especulações.
No entanto, alguns pontos devem ser considerados pelos analistas políticos de plantão antes de saírem por aí avaliando cenários. O primeiro deles e mais óbvio é o fato de que ao longo dos últimos quase 30 anos o PSDB – partido ao qual Geraldo Alckmin ainda está filiado -, polarizou com o PT e disputou o poder em seis, das sete eleições presidências realizadas.
Alckmin, inclusive, foi adversário de Lula em 2006, quando o ex-presidente disputou a reeleição e as bicadas entre os dois não foram poucas. As mais agressivas relembradas por alguns jornais quando os primeiros acenos foram publicados.
Tá certo que Alckmin tá de malas prontas pra deixar o ninho tucano por causa das traições do seu ex-pupilo, o atual governador João Dória, tido com a própria reencarnação de Joaquim Silvério dos Reis pelos aliados do Chuchu. Mas isso não invalida anos de polarização entre petistas e tucanos.
Outro aspecto a ser levado em conta, neste caso mais pelos petistas do que por Alckmin, é a experiência com Michel Temer como vice de Dilma Rousseff. Claro que são personalidades diferentes, mas, como diz o ditado, gato escaldado tem medo de água fria.
Por fim, a idade do ex-presidente é outro ponto que os petistas certamente devem levar em consideração na escolha do vice, afinal, ele está com 77 anos e deve terminar a eleição com 78, mas a posse se dará apenas em 2023, quando caminha para os 79.
Embora Lula tenha demonstrado boa forma na produzida foto na qual aparece de sunga ao lado da noiva Janja em uma praia do Ceará, divulgada em agosto passado – a imagem causou rebuliço nas redes sociais -, com certeza o PT deverá ter cautela na escolha do nome que irá compor a chapa e um ex-tucano não deve ser o vice dos sonhos.