Nem bem o ex-presidente Michel Temer foi liberado da prisão preventiva e congressistas começaram a cogitar a PEC 287/2016, de reforma da Previdência, para “derrotar” o presidente Jair Bolsonaro. Muita saudade?
Isso porque Temer saiu do governo com desaprovação mais recorde do que a parceira de chapa que depôs, Dilma Rousseff. Aliás, talvez pela fama que dera ao cargo é que volta e meia o general Mourão é assediado, como no jantar-sucesso-de-público promovido pela Fiesp. Imagina quando Lula pegar a domiciliar. Ele que foi o único a aprovar uma Reforma em 2003, e ainda saiu do mandato com aprovação inédita.
Quanto ao resgate da PEC de Temer, seria um despropósito, que não resolveria o problema fundamental: o Congresso quer prestígio e toma lá dá cá. O governo topa patriotismo. Este será o impasse de qualquer reforma hoje.
O Congresso não entende que a sociedade torce contra o que o governo tem chamado de velha política. Ninguém dirá:
-Que grande gesto dos deputados reviver um projeto feito por acordo entre os políticos na época do governo Temer!
O que parece haver é uma outra erupção social silenciosa, com o fato de todos os dias as notícias de política darem conta dos pedidos de parlamentares para o governo negociar com cargos e recursos a aprovação de uma reforma que eles dizem ser fundamental.
A sociedade concorda que alguma reforma tem que ser feita, mas por mais importante que considere, no contexto atual, não vê mais sentido em se desviar pelo caminho de “o fim justificam os meios”.
Se os 334 votos obtidos para a reeleição de Maia podem desengavetar uma versão antiga de Reforma, por quê não podem garantir a economia de 1 tri em dez anos? Ou aprovariam uma alternativa desidratada para responsabilizar Bolsonaro por não ter tido capacidade de articulação?
Por isso que Bolsonaro contabiliza que ganha mais denunciando o toma lá dá cá, e dizendo que só faz a Reforma por necessidade, do que agindo em “padrão governo Temer” para aprovar ela.