O presidente Jair Bolsonaro pediu que os congressistas aprovassem a reforma da Previdência por patriotismo. Em resposta, longos meses de guerra midiática diária na qual era exigido toma lá dá cá, a internação do governo numa assessoria de gestão de crises e responsabilizando ele por atrasos no calendário da PEC 06|19 por debilidade na articulação política.
Pela primeira vez na história, ruas com manifestantes da nova direita protestaram contra o establishment político empunhando a aprovação de uma reforma padrão Escola de Chicago. O relatório apresentado pelo deputado Samuel Moreira trouxe a monta de 1,1 tri em economia prevista em dez anos e todas as notícias da semana são favoráveis à reforma cheia. Contrastando com o clima pró-governo, os portais de imprensa estampam que Rodrigo Maia teria chancelado viagens de deputados para destinos turísticos.
É sob esta cena que a nova direita convocou uma nova rodada de manifestações em todo o país para o próximo dia 30 de junho tendo como pautas a aprovação da reforma da Previdência, o pacote anticrime de Sergio Moro (repetindo as do dia 26 de maio), a defesa do decreto das armas e um tema inédito, uma reforma política. A senha foi pelo presidente Jair Bolsonaro, no sábado, ao ter denunciado o Congresso de querer transformá-lo numa “Rainha da Inglaterra.
O inimigo de novo é o Centrão e a nova direita deve usar o establishment político como referência negativa de um modelo que precisaria ser mudado, para debelar, definitivamente, as ameaças que o governo enxerga no bloco de interditar a gestão, como, por exemplo, o retorno, nesta segunda-feira, da discussão do fim da reeleição, em seguida a Bolsonaro, na Marcha para Jesus, dizer que todos estarão com ele em 2022.
A tendência, com este novo tema, é de um enfrentamento maior, com ação direta contra parlamentares – desde “tomates” até blitz em aeroportos. O carro-chefe, considerando que o governo é de direita e ideologicamente pró-mercado, deve ser a proposta de candidaturas avulsas para os cargos públicos do executivo e do legislativo, nos três níveis federativos. Uma proposta que é antiestablishment e antissistema tal como o governo gosta de se autoafirmar e que, somada ao direito de autofinanciamento de candidaturas não seria, de forma alguma, negativa nem para o mercado, que poderia “fazer política” ao largo dos riscos iminentes à atividade partidária no Brasil, nem para as pessoas comuns, na base dos crowdfunding da vida.
Há anos o Congresso não alavanca uma estrutural, que aproxime da cidadania da representação política. Até aqui, as tentativas esbarraram numa dicotomia entre dar poderes aos caciques locais x dar poderes aos chefes partidários, com a esquerda tentando purgar o fantasma de ter aceitado financiamento privado de campanha por meio da defesa da proibição dele, com repercussões vultosas ao erário público.
Bolsonaro apresenta a sua revolução democrática de direita 2.0. A 1.0 foi a nova relação com o legislativo. Agora, a alt-right alternativa dá um passo adiante em seu modelo de comunicação direta, conformando um modelo político, caso se confirmem as suspeitas deste autor, em que redes sociais são a base do esforço próprio meritocrático aplicado à democracia, o que aponta para um 2020 muito mais emocionante ante os que já dobravam a aposta errada de que o grupo dirigente do Planalto fosse se confraternizar com a “velha política” em prol de vereanças e alcaides.
E quem vai achar que precisará de partido num contexto de enorme rejeição ao establishment político? Só os petistas mesmo…Ironicamente, Bolsonaro repete Che com seus 10, 100 Vietnãs: 1, 1 milhão de outsiders.