Radicalização política volta a dominar Twitter

Bolsonaro, Heleno e o celular - Foto Orlando Brito

 

Por Dione Antônio

A semana que passou, sobretudo a partir de 19 de fevereiro, assistiu à volta de acirrados debates políticos, com a manifestação de discursos radicalizados no TwitterPara reagir à repercussão negativa da fala do Presidente a respeito da jornalista da Patrícia Campos Melo, apoiadores de Jair Bolsonaro impulsionaram a hashtag #RaspemOSovaco, em ataque a feministas. A resposta de opositores veio na forma da hashtag “#LavemOPinto. Grupos de oposição reverberaram, mais intensamente, a menção #ImpeachmentDeBolsonaro. Como de costume, bolsonaristas mostraram sua força na rede social, levantando o #SomosTodosGenHeleno.

A rede gerada por nosso levantamento, na figura acima, revela que os perfis favoráveis ao governo formam uma rede maior, mais coesa e com forte interação entre si. Já os perfis opositores formam uma rede com núcleos separados, menos coesos e baixa interação entre si. Esse caráter difuso tem, por um lado, a desvantagem de não ter conseguido formar um polo oposto tão organizado quanto é o polo favorável; mas tem, por outro, a vantagem de ser mais heterogêneo, mantendo uma interação diversificada com o público na rede. 

O cenário traz uma questão interessante para a disputa, um trade-off analítico entre centralidade e heterogeneidade. O grupo pró-governo forma a famosa bolha, e mesmo que se considere isso algo negativo, deve-se reconhecer sua força na rede. Os grupos opositores, por sua vez, são desarticulados entre si, mas tem uma interação plural, justamente por não formarem uma bolha

Metodologia

Foram coletados 9007 tweets no dia 19 de fevereiro de 2020. Para gerar a rede, utilizamos software de análise de grafos, aplicando os algoritmos Bernardamos Projection e ForceAtlas2.

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