A esquerda deve enfrentar uma reorganização nestas eleições. O PT não poderá mais patrolar seus aliados históricos. Com Lula preso, os petistas precisam de aliados, mesmo que tenham que enfrenta-los nas eleições. Além disso, tudo indica que o PT, que exerceu a hegemonia da esquerda não tem um herdeiro com a liderança exercida, até agora, por Lula.
O primeiro desafio da esquerda será manter sua bancada na Câmara dos Deputados. Ela elegeu, em 2014, 137 deputados e passou a ocupar 26,7% das cadeiras. Destas, o PT ocupava 68, o que representava 49,6%. Durante o processo da Lava Jato, a bancada petista caiu para 58 deputados e a da esquerda para 122. Nestes quatro anos, o PSB perdeu sete deputados, o PDT manteve sua bancada e o PCdoB e o PSOL ganharam uma cadeira cada.
As candidaturas de Ciro Gomes (PDT), Joaquim Barbosa (PSB), Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL) estão sendo bancadas pelos partidos com o objetivo de ampliar suas forças na Câmara dos Deputados e nas esquerdas. Herdeiro de Lula e, por isso, em condições de chegar ao segundo turno, a candidatura de Fernando Haddad tem como uma de suas tarefas, pelo menos, manter o poder do PT (58 deputados) na Câmara dos Deputados.
O PDT acredita que Ciro poderá elevar sua bancada a mais de 30 deputados. O PSB aposta que Joaquim Barbosa levará sua bancada a 50 deputados. Para isso, terá o apoio dos governadores Márcio França (SP) e Paulo Câmara (PE); e, do candidato Márcio Lacerda (MG). O PCdoB avalia que com a candidatura de Manuela e suas alianças regionais com os petistas pode chegar aos 15 deputados. O PSOL projeta uma bancada de, no mínimo, 10 deputados.
Se essas projeções otimistas se confirmarem, a esquerda passará a ter uma bancada de 163 deputados, o que representa 31,7% da Câmara. E o peso do PT na esquerda cairá para 35,5%. O crescimentos dos partidos de esquerda na Câmara dos Deputados não lhes garantem qualquer aumento de seu poder de fogo. Estas partidos têm posições próximas em matéria de políticas sociais mas divergentes quanto às políticas econômicas.
As eleições de outubro vão produzir respostas para várias perguntas dos dias atuais. Qual o peso do ex-presidente e líder político Lula? Quem vai assumir a liderança da esquerda no Brasil? O PT vai continuar dando as cartas?