Sabedor de que seu pedigree não era dos mais substanciais, destacando-se como atleta em tiro ao alvo e corrida com vara, o candidato Bolsonaro conscientizou-se de que necessitaria de personagens respeitados e reconhecidos pela sua competência para comporem o governo. Escolheu duas excelências em seus setores, para atrair credibilidade e esperança. Sérgio Moro, para a Justiça, já se foi. Paulo Guedes, para fazer milagres na economia, se equilibra.
Ambos hoje concordariam que não conseguiram realizar praticamente nada do que pretendiam. Guedes deve ser um dos homens mais frustrados do Brasil. O Orçamento do ano passado, peça indispensável para qualquer administração, não foi concluído e o próximo já está ameaçado. Guedes foi vítima da pandemia, para onde foi alocada a maioria dos recursos do país. Enfrenta simultaneamente o vírus e a politicalha, mas sobreviveu até agora.
Sua instabilidade no governo é reconhecida. Desentendimentos com lideranças políticas, descontrole das finanças, paciência com ações estapafúrdias do presidente. Sem recursos e com a retaguarda instável, como promover as privatizações, as reformas econômicas, a contenção dos gastos públicos, a atração de investimentos externos, a liberdade de iniciativa e atuação? Guedes trouxe respeitável know how econômico adquirido na Escola de Chicago para ajudar o Brasil, mas acabou enveredado na balbúrdia oficial.
Vários de seus companheiros de competência econômica e administrativa já foram excomungados do governo pelo Bolsonaro, acendendo a luz vermelha na economia. Eram técnicos qualificados e ligados ao Guedes. Breve ele estará sem equipe. Outros simplesmente pedem demissão, como o da Petrobras, o do Banco do Brasil e a do IBGE. Nenhum país suporta a desadministração ou o troca-troca de dirigentes.
Para se recuperar da pandemia econômica e retomar o desenvolvimento o país precisa da classe empresarial. Empresários não suportam governos mambembes. Caso eles percam a confiança no governo, o drama será maior ainda. Um país que precisa e não dispõe de desenvolvimento e organização administrativa está condenado a sérias crises. Com o povo morrendo de fome nas ruas ou em seus míseros casebres. Em recente encontro com empresários, Bolsonaro deixou mais palavrões do que esperança.
A provável saída do ministro Paulo Guedes o deixará frustrado porque é preparado para o cargo e gostaria de ajudar o seu país. Sem ele no Ministério da Economia o governo Bolsonaro perde suas expectativas e possibilidades. E o empresariado terá uma violenta decepção e nova recessão, comprometendo o futuro do Brasil e dos castigados brasileiros.
Mas Bolsonaro não se preocupa porque acha que tem solução para tudo. Corroborando experiência anterior na Saúde, para ele bem sucedida, já tem escolhido o sucessor de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Será o General X, Diretor de Orçamento e Recursos do Comando do Exército.
— José Fonseca Filho é jornalista