Êta mundo bom é uma das melhores novelas de todos os tempos. Em reprise no Vale a pena ver de novo, é uma delícia assistir as peripécias de Candinho, claramente inspirado em Cândido, de Voltaire, e sua trupe, sob a direção primorosa do saudoso Jorge Fernando, com destaque para a atuação de Marco Nanini como professor Pancrácio. Lembrei desse folhetim por causa de Sandra, a vilã, que vive a tramar os mais criativos e terríveis golpes para se dar bem.
Creio que Walcyr Carrasco, o autor, não imaginou que pudesse haver vilã do mesmo quilate, ou pior, na vida real. Gilberto Braga com Maria de Fátima ou Aguinaldo Silva com Tereza Cristina talvez não conseguissem também compor uma vilã tão dissimulada quanto a pastora Flordeliz.
A mulher adotou adolescentes e tempos depois sua filha biológica se casou com um deles. Após a separação do jovem casal, a mãe se casou com o ex-marido da filha. Adotaram mais um monte de crianças, fundaram uma igreja, ela se elegeu deputada federal e finalmente mandou os filhos matarem o seu marido, que já tinha sido seu filho adotivo e genro.
Há ainda o casarão macabro como cenário e o figurino da vilã, com modelitos horrendos e perucas pra lá de cafonas.
Os melhores autores ou escritores ou cineastas não conseguiriam compor um roteiro igual. Dessa vez a vida real superou a arte!