Autores de grande envergadura intelectual e moral, como Edgar Morin, admitem os tempos de crise, sem proporções históricas. Morin denomina esse conjunto de mutações como uma crise civilizatória sem precedentes, com risco de extinção da espécie humana.
Ulrich Beck adverte que se trata de uma situação global regressiva na qual uma sucessão de eventos cumulativos desnorteiam e desconectam o pensamento. De fato o social é também parte do caos das ideias, dificultando e tornando a desordem geral mais complexa.
A desordem generalizada é mais que os riscos iminentes ambientais e nucleares, gerando uma incapacidade cognitiva para lidar com o turbilhão de impactos das rupturas cumulativas e sobrepostas em várias dimensões da vida. O apelo à teorias dos séculos passados não parece adequado para apreender a complexidade dos que nos atinge. Conceitos e práticas encontram-se como birutas enlouquecidas.
A repetição de velhas retóricas liberais e socialistas pode conduzir à novas e maiores derrotas. De alguma maneira o caos de hoje também guarda relação com os grandes sistemas de pensamentos, quando incidentes nos megas projetos políticos nas esferas públicas e privadas. As ideias encontram-se dentro de um caos que em grande medida ajudaram a criar.
O novo não surge do nada mas exige uma delicada filtragem crítica do que já não referencia o mundo positivamente e o que ainda guarda, por atualização, alguma potência para transformá-lo no efetivo patamar libertário-emancipatório.
– Edmundo Lima de Arruda Jr