Porque produtividade é o codinome do desenvolvimento, como gosta de enfatizar Delfim Netto e, como afirma o prêmio Nobel Paul Krugman: “produtividade não é tudo, mas a longo prazo é quase tudo”. Produtividade significa, em termos simples, fazer mais com menos. A medida é o quociente obtido pela divisão do que é produzido pela quantidade de trabalho, capital, matéria-prima, materiais ou energia empregado. O cálculo ponderado com todos esses itens é chamado de produtividade total dos fatores. E todas as quantidades desses itens podem ser reduzidas com inovações em processos na indústria, no comércio, no agronegócio, nos serviços e nos governos.
E por que a produtividade é tão importante? Se uma empresa produz mais consumindo menos recursos fica mais competitiva, gera mais impostos, pode reduzir preços ou gerar mais lucro, que pode ser reinvestido, distribuído para os acionistas, transformado em aumento de salários ou novos empregos na mesma empresa ou em outras onde os recursos distribuídos forem reinvestidos. Quando se pensa no país como um todo, o resultado é o crescimento geral da economia com mais gente com capacidade para consumir ou poupar e governo com mais capacidade de investir.
E como fazer mais com menos? Reduzindo custos ou aumentando a produção utilizando menos ou os mesmos recursos. Um fator fundamental para isso é educação. Quanto maior o nível de educação dos trabalhadores, mais eles serão capazes de entender instruções, propor mudanças, perceber e corrigir falhas, se adaptar a novas situações, aprender a utilizar novos equipamentos, evitar acidentes, cuidar da própria saúde, educar filhos, evitar problemas domésticos que provocam absenteísmo, cuidar do ambiente e, – crucial -, votar bem.
A empresa que cultiva um ambiente de inovação, tende a gerar um aumento de produtividade quando pratica a centralidade do cliente, modifica processos reduzindo custos, desenvolve novos produtos ou serviços que geram novos mercados, inova no marketing e aumenta vendas, modifica a sua organização ficando mais ágil ou inova no modelo de negócios, subvertendo o seu mercado e até o mercado dos outros.
E o que prejudica a produtividade? Burocracia, por exemplo. É notória a quantidade de tempo e recursos consumidos no Brasil para abrir empresas, pagar impostos e controlar o trabalho para evitar passivos trabalhistas. Custo do capital é outro fator. Com as maiores taxas de juros do mundo é difícil captar recursos para novos investimentos em equipamentos ou capital de giro. Infraestrutura deficiente também pesa muito, provocando perdas em estradas e altos custos pela falta de opções. Insegurança jurídica também contribui para esse conjunto de problemas, chamado genericamente de custo Brasil, com decisões que revertem contratos firmados e a lentidão da justiça com seus prazos intermináveis e recursos ilimitados.
Todo esse conjunto de problemas define o ambiente de negócios no país, que tem prejudicado a capacidade de empreender e competir e mantido taxas de crescimento irrisórias. Isso será debatido no processo eleitoral? Esperamos que sim. Urge inovar, inclusive no debate político.