Há coisas que as pessoas sentem, mas não têm coragem de dizer ou não conseguem expressar. Quando o senso comum começa a se desfazer, as coisas indizíveis ganham nomes, mas não o nome verdadeiro, aquele que botaria para fora o que não pode ser dito.
Uma dessas coisas indizíveis é que a polícia não deve agir contra pessoas importantes e poderosas. O sistema punitivo foi criado para as pessoas comuns, para afastar da sociedade os indesejados, os que perturbam a paz e a tranquilidade dos que mandam.
Quando os poderosos se sentem acuados, criam normas para beneficiar os criminosos comuns, abrindo precedentes em causa própria.
A reação de grande parte da sociedade – de ministros do Supremo a eleitores de Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes – revela esse consenso. Quando a Polícia mexe com um poderoso, pode ter certeza que é perseguição.