As eleições de 2018 provocaram um terremoto na política tradicional. A maioria dos partidos afundou, outsiders despontaram. Este fenômeno tinha hora e data marcada? É um ciclo que ainda está em andamento? O que podemos esperar para as eleições de 2020 (municipais) e de 2022 (nacionais)? Não temos bola de cristal, mas podemos especular.
As pesquisas de opinião e as mais variadas manifestações públicas indicam que o desgaste dos partidos tradicionais não está superado. Nada sugere que a imagem dos políticos profissionais tenha melhorado. As informações disponíveis são as de que a população, e os eleitores, continuam associando os políticos, de uma forma geral, a corrupção e ao oportunismo.
As notícias são de que os partidos estão tomando poucas providências para superar esta fase. A maioria deles acredita que viveram um fenômeno passageiro e que tudo voltará a ser como antes. O planejamento que eles traçaram para recuperar seu poder de fogo é do mesmo nível empregado em fracassos nas eleições anteriores.
O resultado disso é que estão todos empenhados numa renovação burocrática. Igual as do passado recente. As direções partidárias estão sendo mantidas e não há sangue novo no comando de nenhuma das siglas. Nenhum deles, até agora, tomou providências concretas para tentar se aproximar do movimento que tomou conta das eleições de 2018.
Estas premissas mostram que nenhuma providência foi de fato adotada para romper com o ciclo inaugurado em 2018. Os outsiders devem continuar sua trajetória ascendente. Os partidos do chamado Centrão – DEM, MDB, PP, PR e PSD – devem manter-se ladeira abaixo. Eles somente terão melhor sorte se foram para o colo do presidente Jair Bolsonaro.
O PSDB se prepara para um arriscado voo solo. Na esquerda, a situação não é diferente. O Bloco liderado pelo PT já está no colo do ex-presidente Lula, e aposta no fracasso do governo, Bolsonaro para se recuperar. O PSB ainda está procurando seu rumo. O PDT já está colo de Ciro Gomes, embora sua candidatura não lhe tenha feito subir um degrau no pleito de 2018.
Nem todos estes partidos vão sobreviver às próximas eleições. Podemos especular que o PT embalado pelo carisma de Lula tem melhores chances. Podemos apostar que os líderes e partidos com forte presença em seus estados, sobretudo no Norte e no Nordeste, têm mais chances de se salvar. Mas no Sudeste e no Sul a adrenalina vai correr solta.
Os outsiders vieram para ficar. As redes sociais e o Fake-News estão à sua disposição. Não dá para se iludir. Nossa referência, por razões históricas, deve ser a dos países latinos da Europa. Por lá, o barata voa político continua. Os partidos tradicionais, uns mais outros menos, uns de esquerda e outros de direita, perdem densidade. A sorte está lançada.