O presidente americano Donald Trump usou o seu discurso sobre o Estado da União no Congresso americano, na terça-feira (4), para crismar os congressistas democratas com um novo estigma: socialistas. Seja lá o que esse termo signifique hoje em dia, após 30 anos da queda do muro de Berlim, e do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ocorrido em 26 de dezembro de 1991.
Trump tem pouca noção do que foi o socialismo, como de resto a maioria dos americanos. O que ele citou no seu discurso como exemplo foi a Venezuela, dominada por uma casta política dita socialista, que gerou o caos, a fome e a repressão em larga escala. O país tem cerca de 3 milhões de expatriados, segundo a Agência de Refugiados da ONU (Acnur).
O senador Bernie Sanders, ex-candidato democrata que concorreu com Trump nas últimas eleições presidenciais, se declara “socialista democrático”, como alguns deputados eleitos recentemente. Mas isso está mais perto da social-democracia europeia do que o socialismo de que Trump e seus partidários têm em mente.
“Aqui nos Estados Unidos estamos alarmados com novos chamados para adotar o socialismo em nosso país — disse o presidente. Esta noite decidimos que a América nunca será um país socialista”, esbravejou Donald Trump.
O jornalista Michael Tackett, do New York Times, escreveu que essa “ameaça do socialismo pode se tornar dominante na retórica da campanha de 2020, como os ataques aos imigrantes o foram na campanha de 2016, quando ele provocou sobressalto com seus ataques contra ‘estrangeiros ilegais e criminosos’.”
* Luís Eduardo Akerman é jornalista e analista de política exterior. Ex-editor de Internacional do Jornal de Brasília.