Muitos operadores do mercado financeiro entram em campo nesta segunda-feira apostando no aprofundamento da queda da bolsa, dólar a R$ 4,00 e juros em alta. É o que se chama de consenso do mercado diante das incertezas de aprovação da reforma da Previdência e críticas do Presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, a condução da política econômica do Presidente da República, Jair Bolsonaro.
A estratégia definida pelo Planalto neste fim de semana é escalar interlocutores do governo Bolsonaro para minimizar os impactos negativos sobre as expectativas futuras de mercado em torno do ajuste fiscal.
Na última semana o índice da Bolsa de Valores de São Paulo bateu recorde histórico de 100 mil pontos, uma indicação de que os investidores acreditavam em ganhos das ações compradas de empresas que estariam ampliando seus negócios com a retomada do crescimento da economia.
As especulações em torno do bate-boca entre Rodrigo Maia e a família Bolsonaro derrubou a Bolsa para 93,7 mil pontos na sexta-feira e elevou o dólar a RS 3,91. A regra básica é quando a Bolsa cai o dólar sobe e quando a Bolsa sobe o dólar cai. Isso porque o investidor estrangeiro com medo de perder dinheiro quando vende de suas posições em ações no Brasil vai precisar comprar dólar para levar seus investimentos. O mesmo ocorre na situação inversa.
Tudo indica que, diante do agravamento da crise entre executivo e legislativo, a Bolsa deve abrir em baixa em função de uma posição defensiva dos investidores. A maior consequência desta fuga de capital é desvalorização do real diante do dólar.
A depreciação do câmbio, que é um preço na relação de troca do Brasil com o resto do mundo, prejudica os importadores e beneficia os exportadores, quando em situação de volatilidade, como é o caso, prejudica a ambos. A situação não é pior em função dos US$ 380 bilhões de reservas do País que sinaliza ao mercado que o Brasil tem condições de lidar com um ataque especulativo.
Mesmo assim, os especuladores terão pela frente grandes oportunidades de ganhar dinheiro rápido apostado na volatilidade da bolsa, do câmbio e juros. Eles apenas têm que acertar na tendência de alta ou de baixa destes ativos nos próximos dias, coisa que não é difícil, em função das explícitas divergências entre os apoiadores do governo Bolsonaro e a eminência de uma crise ainda maior. Vamos acompanhar os acontecimentos.