Estava eu em casa no 7 de setembro, com a TV ligada na Globonews pra acompanhar a cobertura do desfile (que deveria ter sido uma festa cívica, mas acabou se tornando um ato de campanha com animação militar), quando de repente o candidato começou a falar. Até aí, tudo bem, nada que surpreendesse. Mas na hora em que ele acompanhou com aquela cara de imbecil o coro de: Imbroxável (ou imbrochável, se preferir), eu juro que custei a acreditar.
Primeiro, pelo simples fato de ele ser o Presidente da República. E ele estava lá investido do cargo, embora não parecesse. Mesmo que uma turba cafona, machista e babaca puxasse aquele coro, ele deveria disfarçar e mudar o rumo da prosa. Não cabia ali. Aliás, aquilo não cabe em lugar nenhum.
Segundo, porque justamente, como já disse, aquele, digamos, adjetivo não cabe em lugar nenhum, é uma excrescência no mundo atual. Parece esquete de humor de tão ridículo. Como se o fato de um homem nunca broxar o fizesse melhor que os demais.
Terceiro, porque deve ser mentira, ele não deve nem transar. (Ouvi uns burburinhos no Twitter de que a Michele já andou reclamando da impotência do Jair. Nem sei por que ela reclama, isso é um livramento, sinal inequívoco de que Deus é bom. Imagina como deve ser transar com aquele homem, credo!).
Gracinhas à parte, (é que simplesmente foi irresistível), eu fico imaginando que no meio daquela galera ensandecida que gritava “imbroxável”, havia mulheres. Claro que havia. Será que elas acham realmente bacana e admirável um homem desses? Digamos que ele fosse realmente uma potência sexual, nesse sentido machista do termo, o que isso agregaria ao fato de comandar o país que, inclusive, naquele dia, comemorava o bicentenário da independência?
Senhor presidente, as pesquisas indicam que apenas uma em cada quatro mulheres votariam no senhor para a reeleição. Talvez a presença massiva da princesa Michele na campanha consiga diminuir essa rejeição entre algumas poucas mulheres que ainda esperam por um príncipe encantado. Mas saiba que a grande maioria, como eu, não acredita mais em conto de fadas e espera outras coisas de um homem, inclusive na cama.
Encerro com um trecho da incrível canção Cinema Americano, de Rodrigo Bittencourt, lindamente interpretada por Thaís Gulin, que diz assim:
É preciso mais que um soco
Pra se fazer um som, um homem, um filme
É preciso seu amor, seu feminino, seu suingue
Pra ser bom de cama
É preciso muito mais do que um pau grande
É preciso ser macho, ser fêmea, ser elegante
Da próxima vez, senhor Presidente, tente ser mais elegante!