Circula a notícia de que na segunda quinzena de agosto integrantes de uma autodenominada Internacional Progressista desembarcarão no Brasil com o objetivo de, segundo seus porta-vozes, “derrotar e enterrar” a Ferrogrão.
A articulação global conta entre seus integrantes com o senador Bernie Sanders, ex-pré-candidato do Partido Democrata às eleições presidenciais dos Estados Unidos, além de outras celebridades norte-americanas e europeias.
No Brasil, o movimento tem o apoio de ONGs ligadas às questões indígenas e ambientais e de próceres de setores progressistas e de esquerda.
É importante registrar que o anúncio da caravana acontece depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal provocada por ações judiciais do Ministério Público e de um partido político pretensamente de esquerda, interrompendo o processo para a construção da ferrovia.
É de se notar que a campanha contra a Ferrogrão parte dos mesmos grupos que atuaram para inviabilizar a construção da hidrelétrica de Belo Monte e se dedicam a sabotar qualquer iniciativa para dotar a Amazônia da infraestrutura necessária ao seu desenvolvimento e à proteção do meio ambiente.
O caso da Ferrogrão é exemplar porque é um projeto essencial para a redução do custo de transporte da produção agropecuária do centro-oeste para o porto de Miritituba, no Rio Tapajós, no estado do Pará, e daí para o exterior.
A caravana só se explica pela desorientação de agrupamentos progressistas e de esquerda que perderam completamente os laços com os interesses nacionais, com o desenvolvimento nacional e com as necessidades do povo brasileiro.
Da mesma forma, a interferência estrangeira nos assuntos internos do Brasil pode ser explicada pela desastrada política externa do governo.
Hoje, o Brasil é um país sem aliados no mundo, em conflito com o atual governo dos Estados Unidos, nosso mais importante vizinho de hemisfério, em hostilidade permanente contra a China, o nosso mais destacado parceiro e cliente da agropecuária, em arengas desnecessárias com os europeus, para não falar do mal-estar com vizinhos como Argentina, Bolívia, Venezuela e, mais recentemente, o Peru.
Dividido internamente e isolado no mundo, nossa Pátria se converte em presa fácil para a cobiça geopolítica e comercial das aspirações hegemônicas do planeta.
O Brasil e a Amazônia precisam de rumo, de união, de uma agenda voltada para a retomada do desenvolvimento, do crescimento da economia, da redução das desigualdades e da construção da democracia.
O Brasil precisa da Amazônia para voltar a crescer e gerar esperança para a população, principalmente os mais jovens, desenganados com o País.
E a Amazônia necessita do apoio do Brasil para proteger o meio ambiente e aproveitar as potencialidades de sua biodiversidade, de sua fronteira agrícola e de sua fronteira mineral, com hidrovias, ferrovias, rodovias, infovias e educação de qualidade para garantir o seu futuro.
* Aldo Rebelo é jornalista. Foi presidente da Câmara dos Deputados e ministro de Estado da Defesa; da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Esporte e da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais