Não bastasse conviver diariamente com o aumento exponencial do número de mortes provocadas pela pandemia de covid-19 – mais de 100 mil só no primeiro trimestre deste ano -, nós, brasileiros, ainda temos que enfrentar os surtos autoritários do presidente Bolsonaro de tempos em tempos. Desde que assumiu em 2019, ele acena para as Forças Armadas vislumbrando um autogolpe para se perpetuar no poder.
Graças a Deus até agora não obteve sucesso,- nem todos os generais são submissos como Pazuello -, mas ainda restam 21 meses pela frente para continuar tentando. Enquanto isso, as instituições e a sociedade, que deveriam focar no que realmente importa, que é o combate à pandemia, passam o tempo todo se preocupando em resolver as crises geradas pelo próprio presidente.
Embora tenha chegado à presidência da República pelas vias democráticas, Bolsonaro sempre teve um ímpeto autoritário e desde o início do mandato vem provocando as instituições. Estimulou manifestações pedindo intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo, de algumas delas até participou pessoalmente.
Mesmo com a pandemia, os malucos saiam às ruas para ameaçar os integrantes do Legislativo e do Judiciário. Essa situação só parou depois que o Supremo adotou uma postura mais enérgica e mandou prender alguns militantes bolsonaristas como Sara Winter e o blogueiro Oswaldo Eustáquio, ambos abandonados a própria sorte pelo “mito”.
Além dos arroubos autoritários, Bolsonaro costuma usar os órgãos de estado, criados para servir aos interesses do País e não do governante da hora. Foi assim quando tentou interferir na Polícia Federal para proteger os filhos e aliados, enrolados em investigações incomodas. E foi assim quando usou a Abin para ajudar a defesa do 01, o senador Flávio Bolsonaro, no caso das rachadinhas.
Bolsonaro parece não entender bem a diferença entre público e privado e chama “meu Exército”, como se fosse uma instituição dele. E coloca esses órgãos públicos a serviço dos interesses pessoais seus e dos seus filhos, mesmo que não sejam os interesses do Brasil.
E de surto em susto, o Brasil segue sacolejando entre uma tentativa de golpe aqui, um abuso de autoridade acolá, sem conseguir combater os problemas que afligem de fato a população como o desemprego, a crise econômica e a crise sanitária que já ceifou quase 320 mil vidas.
A pergunta que se faz é: o que é preciso acontecer mais para que as autoridades tomem uma providência efetiva em relação aos desatinos de Bolsonaro e deixem de lado o faz de conta das notas de repúdio em redes sociais? Com a palavra o Congresso Nacional.