Tenho muitas lembranças boas com o Brito. Nos aproximamos mais no Globo, mas já havíamos viajado em coberturas presidenciais quando estava na Folha. Uma das suas marcas era o humor. Sempre discreto e inteligente, gozou muita gente sem que elas nunca soubessem. Em uma delas fez um repórter do Correio Braziliense andar pela madrugada em Vitória (ES) a procura de um encontro que jamais existiu.
Este repórter conheceu uma moça com amigas no aeroporto. Conquistador, deu a ela o fone do hotel em que todos os jornalistas estavam hospedados e marcou uma saída a noite. Ela nunca ligou, mas o Brito sim. Ele imitava com perfeição uma voz feminina. O repórter atendeu com voz de apaixonado. Brito em falsete perguntou por um amigo para saírem em dupla e sugeriu ele mesmo, “aquele fotógrafo”.
Todos os outros repórteres e fotógrafos se reuniram no quarto para acompanhar o “romance”. E a primeira reação do Brito diante da resposta do conquistador. Com a mão cobrindo o bocal do fone: “O FDP me encanteou. Está me trocando pelo Ricardinho (Pedreira)”. E sugeriu então um encontro a sós.
Sugestão aceita. Marcou encontro num posto de gasolina distante 200 metros do Hotel, que podíamos ver pela janela do quarto. O pobre foi e aguardou por meia hora a conquista que não apareceu. Voltou ao hotel e ao quarto. Brito ligou novamente inconsolável: “Cada você, meu amor? Estou aqui esperando até agora”. Lá foi o conquistador para o posto e o delírio da plateia na janela do hotel.
E assim foi mais duas vezes. Só soube do ocorrido, não do autor, quando botaram parte das juras de amor no sistema de som do comitê de imprensa do Palácio do Planalto. Anos depois viajamos para o Chile e recebi um telefonema de uma doce voz em castelhano no quarto de hotel querendo me encontrar. Disse que havia me visto no saguão e bla,bla,bla…Marcamos, mas jamais fui. O meu doce e inesquecível amigo estava no grupo de viagem. Ela, podia ser ele. Melhor não arriscar a virar piada.