Mesmo que não queiram, os militares serão julgados ao final do governo Jair Bolsonaro. O presidente da República é militar e seu vice também é dos quartéis. Não importa o que digam, eles vão pagar a conta ou serão aplaudidos.
Afinal, conseguiram finalmente reformar sua política salarial. Mesmo sendo inútil, ficaram exultantes com o incentivo para comemorar o golpe militar de 1964. Não sabem que a história se escreve com os atos do presente.
Um bom governo não se faz com proclamações ideológicas. O passado recentíssimo que o diga. A população quer emprego, quer comida na mesa, quer escola para os filhos, proteção contra as doenças e a violência na esquina. Não quer saber de bobinhos cantarolando: “agora chegou a nossa vez”.
Há uma plêiade de civis no governo, mas eles não formam nada orgânico. Eles não são de um partido ou de uma organização. São raios solitários cortando o céu. Quem irá cobrar o que de bijuterias solitárias? Desde já, eles estão esquecidos.
Mas este não é o caso dos militares. Não importa que aleguem depois que somente uma dezena ou uma centena de reformados tenham integrado o governo. Como não importa quantos heróis os quartéis fizeram ao longo da história do país.
O que vai importar é se o governo do capitão Bolsonaro deu certo ou deu errado. Não adiantará depois dizer que ele não era militar, como é inútil nos dias de hoje afirmar que não houve golpe militar.
Aliás, somente meia dúzia de ‘punheteiros’ querem fazer este debate diante do público. Se fosse para valer, deveriam fazê-lo na academia. Mas para isso é preciso talento, estudo, argumentação e sabedoria. Não bastam bravatas e gritos.
Não dá para saber o que vai acontecer? Se a visão histórica do golpe militar vai ser revisada? A única certeza é que a população vai julgar e decidir a cada dia que passa o que acha deste governo.
Ele é dirigido por um militar da reserva e coalhado de militares reformados ocupando cargos, carguinhos e cargões. Eles formam uma constelação orgânica, integrada também por civis, que vai responder pelos seus feitos e seus atos. Não vai adiantar vir depois com esta ‘meleca’ de “marxismo cultural”.