Os indicadores econômicos dos dois primeiros meses do governo do Presidente Jair Bolsonaro ficaram aquém das expectativas de empresários e dos trabalhadores. Embora a produção industrial tenha crescido 0,7% em fevereiro acabou no zero a zero no primeiro bimestre de 2019, tendo em vista que em janeiro teve uma queda de 0,7%, segundo o IBGE. O economista Gesner Oliveira informou, pelo twitter, que pela série de ajuste sazonal houve uma queda de 0,2% na produção industrial no mesmo período.
Apenas com discursos em torno da melhora da confiança dos investidores, se aprovada a Reforma da Previdência, a economia não cresce.
O empresariado industrial está aguardando sinais mais claros para elevar a produção e fazer contratações. Basta ver que as exportações caíram nos últimos dois meses e houve aumento para 13,1 milhões de desempregados.
É verdade que Bolsonaro recebeu o governo com a roda da economia girando com dificuldade. Pode-se dizer – é justo- , que a equipe de Paulo Guedes não teve tempo para adotar medidas de estimulo ao crescimento da economia, uma vez que toda a atenção está voltada para a reforma da Previdência Social. Se os empresários não investem e os trabalhadores não tem emprego, o consumo continuará nos atuais patamares.
A economia cresce pouco e o governo não consegue arrecadar impostos suficientes para cobrir os gastos de custeio da máquina pública, sem falar nas obrigações de juros da dívida interna de R$ 3,7 trilhões.
O anúncio de Bolsonaro feito de Israel de que estuda reduzir o Imposto de Renda das empresas e troca da tributação de dividendos dos acionistas tem pouco impacto sobre a demanda agregada da economia. Tudo leva a crer que a Receita Federal vai compensar o que deixará de arrecadar de um tributo para compensar com outro.
A ausência de medidas efetivas do governo Bolsonaro para estimular a economia levou o desenvolvimentista, ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, a mandar um recado irônico pelas mídias sociais à equipe de Paulo Guedes. ”Assim fica difícil à “Fada da Confiança” fazer milagre”, disse ao se referir aos efeitos do contingenciamento de recursos do Orçamento da União. “O governo atrasa repasse e as construtoras da Minha Casa Minha Vida(MCMV) ameaçam demitir 50 mil” trabalhadores.
A maior parte dos planos de recuperação da economia adotados no Brasil deste 1985 sempre tiveram medidas de ajuste fiscal e de estimulo ao crescimento. O plano real foi uma exceção, uma vez que seu objetivo era acabar com a inflação e restabelecer o poder de compra do real ao estabelecer um sistema de paridade com o dólar.
Com o fim da inflação houve recuperação no poder de compra do trabalhador, aumento de renda, consumo com crescimento econômico.
Mesmo com a aprovação da Reforma da Previdência, o aquecimento da economia será de médio e longo prazo. Algumas casas bancárias acreditam que o Banco Central poderá reduzir juros para 5,5% ao ano, mas isso não é garantia de que a economia volte a crescer. Hoje as taxas são de 6,5% e mesmo assim têm pouca influência sobre a decisão do investidor, em parte pela distorção que há entre os juros oficiais e o custo para o tomador final. Este ano o mercado já aposta em um crescimento da economia de 1,98% do PIB. É um quadro de desesperança para milhões de brasileiros que foram às urnas em 2018 acreditando em dias melhores.