As ideias em torno de um novo mundo, com novas regras e novos tipos inusitados de relacionamento vinham acontecendo com as novas tecnologias de realidade virtual e aumentada, com criptomoedas independentes de países e bancos centrais, com a inteligência artificial ultrapassando a capacidade humana em alguns setores, com games cada vez ampliando mais a realidade e com o aumento da velocidade de comunicação. Alguns experimentos específicos de mundos virtuais começavam a apresentar a ideia de que o mundo real em que vivíamos já não era mais suficiente.
De repente, tudo ganhou velocidade com a declaração de Mark Zuckerberg sobre o Metaverso como estratégia do Facebook, inclusive com a mudança do nome da empresa para Meta.
Mas o que é o Metaverso? Metaverso é uma espécie de nova camada da realidade que integra os mundos real e virtual. Na prática, é um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias. Na verdade, já existem alguns metaversos, cada um com suas características. A tendência é que os grandes players, que se movimentam no mesmo sentido, comecem a consolidar esse ambiente, que muitos consideram como a nova internet.
A ideia é que o metaverso tenha uma economia virtual própria, e que as pessoas possam trabalhar, adquirir casas, comprar roupas, ir a festas, fazer reuniões, assistir shows e ter de fato uma vida online, representado por avatares. Pode-se perguntar: mas isso faz sentido? No início da internet também não se tinha ideia do que era aquilo e para que servia. Havia a ideia que aquilo não tinha finalidade comercial, apenas para pesquisa. Correio eletrônico era incipiente e limitado, as empresas não se apresentavam ali, redes sociais não existiam e nem mecanismos de busca. Hoje é inimaginável viver sem isso. Será que com o Metaverso acontecerá o mesmo desdobramento imprevisível?
Com a internet de hoje você vê, fala e ouve. Com o Metaverso você vive. É uma imersão sem parâmetros como conhecemos. Você poderá ter vários avatares seus, cada um com as características que você determinar. Inicialmente você comanda diretamente, mas com o tempo um algoritmo de inteligência artificial poderá representá-lo em alguns ambientes.
Já existem vendas de terrenos e casas no Metaverso. O valor é determinado pela procura e pelo interesse. Se uma loja conhecida monta sua réplica no Metaverso, os terrenos ao lado podem ficar valorizados, porque muitos avatares vão transitar por ali. Em novembro, um terreno virtual de 566 metros quadrados de um game do metaverso foi vendido por US$ 2,4 milhões em criptomoedas. No ambiente virtual a imaginação de um arquiteto ou de um publicitário não terá limites físicos, a criatividade será ilimitada em 3D.
Bill Gates já aponta que este é o futuro e que praticamente todas as reuniões de negócios migrarão para o metaverso até 2024. Por enquanto serão avatares nos representando, depois poderão ser hologramas muito mais agradáveis de se lidar.
O fato é que grandes empresas estão correndo para se estabelecer nesse ambiente criando roupas para vestir os avatares com sua grife, patrocinando shows de artistas representados pelos seus avatares ou cunhando NFTs colecionáveis, em um mundo com suas próprias criptomoedas baseadas em blockchain.
Há alguns anos houve uma tentativa de criar esse mundo no que se chamou de Second Life, mas com vida curta. Hoje, as tecnologias fundamentais de realidade virtual, blockchain e 5G, principalmente, permitem imaginar que essa segunda vida vai acontecer de fato. Ou será apenas um delírio tecnológico?