Guerra não sai – são seis (6) mil ogivas nucleares…Mas, após a pandemia contemplamos, pasmos, mais um derradeiro golpe na retórica direita esquerda, ampliando a confusão semântica e social, o que por sua vez prorroga a asfixia da democracia liberal de forma geral.
Vejam o leque de apoios a Putin, confundindo ainda mais a esquerda tradicionalista, e a direita constitucional. Maduro com Putin todo feliz, seguindo outro ditador, no caso hereditário -Al Assad (seguindo a Coreia, e de alguma forma, Cuba). Trump e Bozzo flertando com o líder russo, Volodymyr Zelensky, um comediante que encenava e continua a encenar ser presidente da Ucrânia.
E o Ocidente se “une” ao palhaço chamado Biden, superando outro, o presidente da Ucrânia. Mesmo de forma acanhada, querem uma resposta enérgica, se possível ” militar” (igual posição tem o Gal. Mourão) da parte da Otan. Mas, acovardados, ou sábios, não ousam apostar. Jogo de blefes? Difícil mensurar os interesses em disputa, de grupos econômicos, étnicos, políticos, geopolíticos. Ideológicos? Não mesmo. À era da guerra fria entre mundo livre do capitalismo e mundo acorrentado dos socialismos reais sucede uma síntese esdrúxula, o mundo acorrentado de um capitalismo único, sem democracia. Uma guerra quente que marcará o século XXI.
E o pior. A questão imediata nessa sinuca sem bicos é; quais os critérios para mais um voto de confiança na luta por um estado de direito supranacional, pela defesa dos garantismos nacionais, se eles, 250 anos após, tornaram-se desmoralizado. Dela decorre outra, constrangedora: com que critérios pragmáticos morais recusar a reindustrialização do mundo sob a força hegemônica da vez, a China, avalizada politicamente pela realpolitik da Rússia. Afinal, é uma opção como sedutora alternativa garantida de reordenação do mundo em padrões autoritários, bem entendido, com mais distribuição de renda e reequilíbrio outro da ordem financeira global? De um modo geral o déficit de modernidade chegou à uma exaustão.
Não tenham dúvidas, tudo indica mais fraturas no nosso imaginário cotidiano (senso comum que organiza o Conum) já esquartejado. Lula poderá ficar com a ONU e Biden, Bozzo com os outros, ou não. No tabuleiro internacional Putin vai virar de ponta cabeça as relações políticas, comerciais e ideológicas, eliminando de vez a potencialidade da dicotomia esquerda/direita. Somente Maduro vai insistir e acreditar estar do lado certo da história, em nome da fidelidade canina ao igualitarismo de Bolivar, Chávez e Fidel. Tudo lógico. Óbvio e ululante.
A dupla China e Rússia precisa de muitos peões (e comediantes) nesse tabuleiro da nova ordem. A Argentina, o Chile, muitos outros na periferia, também vão ser comprados na mesma toada das sereias da redenção. Acho que Lula irá por aí também. E um dia a Amazônia, enfim, será dos orientais, sob a guinada ambientalista Zen, afinal, Mao Tse Tung sempre valorizou o budismo, não é mesmo?
— Edmundo Lima de Arruda Jr. é Prof. titular aposentado da UFSC. Graduado em Direito pela Universidade de Brasília. Doutor em Direito pela Universidade Católica de Louvain – Belgica. Pós Doutor Paris X Nanterre (2009) e em Paris VIII St. Denis (1998). Autor de 35 livros. Fundador do CESUSC.