Grand Prix Covid-19

Não, as manifestações com motocicletas Brasil adentro não acabaram. Novas "motociatas" virão. Junto a elas, novas ondas da pandemia do coronavírus

Grande e sensacional largada da 3ª temporada covid-19!

Episódio de hoje: a cepa indiana

Após um longo e enfadonho período de apenas 2.000 mortos por dia e 79.000 novos casos diários, finalmente foi dado o pontapé inicial da temporada de inverno da covid–19. Todos vocês foram devidamente convidados a participar do evento e a se infectar voluntária e rapidamente. Vamos garantir o sucesso da temporada!

Os primeiros treinos foram realizados no Dia das Mães, em Brasília, e a  “pole position” foi assegurada, mais uma vez, ao personagem principal das temporadas anteriores. Já era sabido. Seguia invicto. Não teria para mais ninguém.

A largada foi emocionante. Para quem tem histórico de atleta, nada melhor do que o local de realização dos Jogos Olímpicos. Seria simbólico. A tocha da propagação foi acesa e permaneceria assim até a próxima estação.

Dirigindo sua motoca e, desta vez, utilizando inexplicavelmente o capacete de proteção, o selvagem da motocicleta desfilou glamourosamente pela cidade do Rio de Janeiro, angariando novas vítimas (ops!) simpatizantes.

Aos poucos, os grupos de aliados foram se aproximando do cortejo principal, portando bandeirinhas, faixas e sendo escoltados por milhares de seguranças motorizados, a maior parte sem máscaras de proteção, evidentemente.

O trajeto Barra / Aterro do Flamengo foi realizado sem atropelos, com acenos de mão, bandeirolas tremulantes, aglomerações, formando um espetáculo de luz, sons e cores pela Cidade outrora Maravilhosa.

O destaque secundário ficou por conta de um conhecido militar no palanque, ao arrepio da lei, mas ciente de suas responsabilidades na propagação do movimento. Esta seria a hora H! Não poderia faltar a um evento desta envergadura. Parecia bem feliz e descontraído, diferentemente daquele que havíamos observado nas telas da TV, recentemente.

O evento – acredito – deve ter contado com a participação da Banda dos Fuzileiros Navais, entoando conhecidas marchinhas, para  enlevo de todos os participantes. Tan tan tan!!! Tan tan tan!!! A música de Ayrton Senna do Brasil encheria o ambiente da emoção necessária.

Agora vai! Agora vai pegar pra valer! Já deram a contribuição da cloroquina e do tratamento precoce. Acrescentaram o atraso nas vacinas. Rechearam com ofensas aos países fornecedores de insumos. Era só esperar a cepa pegar. Todos estavam confiantes que chegaríamos fácil aos 500.000 mortos. Com sorte e com a ajuda dos próximos eventos já programados, bateríamos a meta de um milhão. A glória suprema seria superar os EUA.

Esqueceram, contudo, do Champagne. Ou melhor, não esqueceram não. Lembraram  que o produto original era francês. Não combinava. Brindariam então com copos de leite! Muito mais apropriado. Um brinde à cepa indiana!

Para quem perdeu essa oportunidade, não há com o que se preocupar. A próxima estação promete.

Nova onda vem por aí. A quarta. A promessa de aglomeração será no próximo verão, com o ator principal surfando pelas ondas das praias lotadas da antiga Guanabara.

 

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