Funcionários públicos, os marajás do Brasil

O Brasil é um dos países que apresentam as mais injustas políticas de distribuição de renda entre seus habitantes. A população é desatendida em suas necessidades básicas  como a educação, saúde, segurança, saneamento e outras. No Rio, os casebres se estendem da base ao topo de altas montanhas, propiciando aos moradores que vivem com tantas dificuldades apreciar um belo espetáculo ao nascer e ao por do sol. Há quem  veja poesia onde se equilibram as favelas, com a bela imagem do mar. Beleza que nada custa aos pobres. Mas é só o que eles contam para alegrar a vida.

Não é pouca gente que assim  sobrevive e a tendência é de crescimento  contínuo da miséria. No final do ano passado, segundo o IBGE, havia 5.12 milhões de domicílios  ocupados  pelos  brasileiros  sem recursos, em 734 municípios, vivendo em favelas  ou outras  áreas de habitação  análogas.  Sem que eles acreditem em  perspectivas de melhoras.  Há esforços louváveis, dos  moradores  locais  e de entidades  assistenciais para promover  a melhoria  desses  ajuntamentos  populares. Através  da educação, atividades culturais, música, esportes. Um grande esforço mais dos próprios favelados do que dos governos.

O Brasil é um país de grandes diferenças  sociais e situação generalizada de pobreza que sua população não merece. Ainda não houve uma explosão de revolta e ódio mas  pode algum dia acontecer. Há muitas etapas  a serem cumpridas para a evolução. Acabar  a corrupção. Ensinar a polícia a não matar jovens  nas favelas. Enfrentar  a criminalidade  armada das ruas e a de colarinho branco dos  salões. Valorizar o trabalho, enfrentar a picaretagem e a corrupção. Sem que para isso seja necessária  a liberação indiscriminada de armas, como defende o presidente da Pátria Armada. Aí então seria a explosão geral.

Presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes – Foto Orlando Brito

Bolsonaro tinha duas personalidades marcantes e competentes para realizar seu governo. Sérgio Moro, que já partiu, e Paulo Guedes, que desde o início tenta promover a tal reforma tributária e administrativa, que este país espera há mais de 30 anos. Vários gênios da economia já  tentaram  mas  nenhum conseguiu. A torcida dos brasileiros  responsáveis é para que o ministro Guedes não desanime nem desista. Caso contrário, continuaremos  a ouvir desabafos  tipo “que será deste país”. O ministro tem destacado os problemas  a serem resolvidos. Falta realizar.

A privatização de  estatais  deve ser realizada  com rapidez. Mesmo as lucrativas, como Petrobrás e  Banco do Brasil são inferiores em desempenho e  lucro, às do setor privado congêneres. O Banco do Brasil possui uma rede nacional de clubes (?): AABB. Todas  as estatais  possuem  mais empregados  do  que suas congêneres  do  setor  privado, mas produzem menos. O Correios, é o que  consta, dispõe de cerca de 100 mil funcionários. Dá para imaginar que cada um deles leva uma correspondência  específica  ao seu  destinatário.

Funcionários da administração pública federal, em Brasília – Foto Orlando Brito

Os funcionários públicos ficam possessos  mas o Brasil não se desenvolve mais e não remunera corretamente  seus  trabalhadores  porque a grande maioria dos recursos arrecadados  é destinada  ao pagamento do funcionalismo público. Os chamados barnabés  são privilegiados e bem remunerados. Muitos  aposentados  com relativa  pouca idade  recebem  valores  elevados  quando penduram a chuteira.  E não podem  ser demitidos. Em certos segmentos  do Legislativo  a aposentadoria do servidor público vai de R$ 20 a 25 mil, ou ainda mais, e o valor correspondente no setor privado, no Executivo,  é de R$ 5 mil. No Legislativo e no Judiciário, a  bondade com a aposentadoria é muito grande. E ainda pode  ser acumulada com  outras.

Recente  estudo do Instituto Milenium revelou que o pagamento  dos  salários  e aposentadorias  dos funcionários  públicos  brasileiros consome  13,7% do PIB nacional, e corresponde a um total de  R$ 928 bilhões.  A Educação, absurdo, setor tão necessitado, fica com  6 %  do PIB. E o Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos. Para a Saúde, atacada  pelo  coronavírus,  sobrou  apenas  3,9% do PIB. Para obras de Saneamento, que  o país  tanto necessita,  restou  somente   0,2% do PIB.   Inacreditável, na verdade.  Metade da população brasileira não tem saneamento  básico, água potável  nem  esgoto. Muitos morrem de doenças  provocadas  pela  infecção do ambiente.

As reformas  tributária  e  a administrativa  precisam   ser feitas  com urgência para acabar  com a calamidade da divisão  do trabalho  entre   favorecidos  e rejeitados.  Salários  altos  no setor publico e rasteiros na iniciativa  privada. Será um período  difícil para o ministro  da Fazenda:  realizar as reformas e aturar o governo.

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