Em apenas duas semanas perdemos dois gigantes da fotografia. É um duro golpe para os muitos amigos de ambos, colegas de trabalho e familiares.
Nem nos recuperamos da morte precoce do grande fotógrafo Dida Sampaio, vítima de complicações de um AVC, e somos atingidos por outra bomba, provocada pela morte do também fotógrafo Orlando Brito, outro gigante da fotografia, referência no Brasil e no mundo.
Conheci Brito logo que cheguei em Brasília, no início dos anos 80. Ele já um grande nome e eu foca do jornalismo. Quanta atenção e bom humor ao longo de décadas de cobertura na Esplanada dos Ministérios, no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional.
Ser conhecido, reverenciado, autor de livros e dono de prêmios incontáveis não tirava a leveza e a humildade do Brito, sempre disposto a ajudar e a ensinar aos mais novos. Prova disso é que ele foi o primeiro a ajudar o Dida, no momento em ele foi covardemente atacado pelos seguidores do presidente Jair Bolsonaro quando, simplesmente, fazia o seu trabalho de fotógrafo.
O Dida eu conheci praticamente um menino, quando ele entrou no Estadão. Eu já trabalhava lá como repórter de economia. Nos anos que se seguiram e depois, o Dida só cresceu como profissional. Nunca estava cansado, mesmo carregando todas aquelas lentes e a escada; nunca estava de mau humor, não importasse qual era o horário e a pauta.
A perda prematura de ambos, que tinham quase vinte anos de diferença em idade, nos enche a todos de tristeza. E com apenas duas semanas de intervalo. É um duro golpe para o jornalismo do país. Eram profissionais extraordinários. Suas fotos registravam muito mais do que o momento. Ambos tinham uma visão única, um senso de direção e de oportunidade, e retratavam a alma do que estavam vendo. Vão fazer muita falta.