Transcrevo basicamente duas argumentações que agrupam amigos meus sobre a escolha entre Bolsonaro e Lula nas eleições que se avizinham.
1a) Argumentação. Se for para o segundo turno, Bolsonaro terá mais condições de impugnar o resultado. No primeiro turno, ele teria que impugnar a eleição de 27 governadores, 27 senadores e mais de 500 deputados. Tarefa inglória.
2a) Argumentação. Se perder no primeiro turno, Bolsonaro vai impugnar mais facilmente. Criaria um caos social, através de seus adeptos. Única situação em que pode invocar o art. 142 e a Lei Geral de Ordem. Se for para o segundo vai usar de todos os meios para não perder, mas aí o quadro institucional já estará definido. Seu desgaste não permitirá que invoque o art. 142.
Quanto ao primeiro argumento, Bolsonaro perdendo no primeiro turno creio ser possível a tentativa de impugnação individual, a meu ver infrutífera.
Quanto ao segundo, penso que a derrota de Bolsonaro estaria mais consolidada nos rearranjos eleitorais de maneira a refletir uma situação de fato irreversível.
Aguardemos para saber o que a maioria vai decidir. Não creio em golpe ou impugnação em quaisquer dos turnos. Mas duvido que o eleito democraticamente seja considerado o Presidente de toda a República, e não de parte dela, reproduzindo a odiosa polarização que vivenciamos. Dúvida a indicar a dificuldade do vencedor ter governabilidade mínima…Daí a compulsão golpista poderá retornar ao cenário…
É difícil legitimar procedimentos das instituições representativas quando estamos entorpecidos pela ideia de guerra total na qual adversários tomados como inimigos são vistos cada vez mais como seres humanos inferiores, ou vermes. A serem esmagados.
Faz muita falta uma cultura democrática na qual a alternância ao poder possa ser defendida e que o eleito seja saudado como aquele legitimamente escolhido para presidir a República.
– Edmundo Lima de Arruda Jr