Não vou tergiversar nem inventar desculpas ou justificativas: estou assistindo ao BBB 21. Poderia dizer que mal vi as últimas edições e que sempre achei chato o programa, que acaba atrasando atrações bem mais interessantes da Globo, o que não deixa de ser verdade. Mas, como falei há pouco, não quero me justificar, apenas admito que estou acompanhando atentamente o reality global.
As redes sociais têm repercutido algumas histórias da casa e acaba que mesmo quem não assiste, ou diz que não assiste, entra na discussão. A saída do Lucas logo no início deu pano pra manga e acendeu o debate sobre cancelamentos, inclusive por quem é ou já foi cancelado. Mulheres têm se manifestado contra a submissão da mocinha que vive correndo atrás do bombadão que não liga muito pra ela e se preocupa mais com o parceiro que se acha bacana, mas que no fundo é um chato de galocha. O público mostrou enorme rejeição, a maior dentre todas as temporadas, pelo comportamento de algumas pessoas, que acabaram eliminadas e muito mal vistas quando voltaram pro mundo real.
O mais legal do BBB é ver que, conforme o jogo avança e muda, o pessoal da casa acaba mudando também. Dependendo de quem sai ou quem fica, depois de um paredão, os participantes reveem seus comportamentos e acabam procurando novas parcerias e um jeito melhor de agir e se relacionar. Se percebem que o comportamento do grupo a que se atrelou não foi muito bem visto pelo público, fazem autocrítica, mudam a estratégia, reconhecem erros cometidos e tentam corrigir o rumo para conseguirem continuar no jogo.
Corto agora para a nossa triste realidade.
Quando vi pessoas fantasiadas de patriotas indo para as ruas defender Bolsonaro, percebi que ele, ao contrário dos participantes do BBB que temem a rejeição do público, não vai mudar.
O país vive a maior crise sanitária de todos os tempos, inegavelmente pela inépcia do governo. Milhares de pessoas já morreram e continuam morrendo de COVID. A economia está em frangalhos, não só pelas consequências da pandemia, mas também e principalmente pela instabilidade política em que nos encontramos devido ao destempero emocional e verbal do presidente. Dentre outras tantas desgraças, o dólar explodiu.
A gasolina e o gás de cozinha dispararam. O preço dos alimentos está pela hora da morte. O Centrão voltou a dar as cartas. O Brasil é visto como um pária no exterior.
Porém, como se houvesse muitas coisas boas acontecendo, pessoas vão para a rua defender o governo. Não percebem que, com isso, estão apenas estimulando cada vez mais o mal comportamento de seu ídolo.
É como se o fã clube de Karol Conká aplaudisse tudo o que ela fez no BBB. Karol reviu seu comportamento, pediu desculpas ao público e redirecionou sua carreira porque não teve quem passasse pano em suas atitudes. Até mesmo seus seguidores a criticaram e, com isso, a obrigaram a mudar e a se melhorar. Karol provavelmente vai se reinventar e sair mais forte dessa experiência.
Talvez Bolsonaro pudesse mudar de comportamento e tentar melhorar, mas ele certamente vai continuar fazendo e falando besteiras, porque seus seguidores não admitem seus erros, pior, o apoiam incondicionalmente.
Por que se preocupar com os graves problemas do país, começar a governar com alguma serenidade, propor uma trégua e parar de arrumar confusão se sempre há uma turba que acha que está tudo bem do jeito que está?
Ao apoiar as atitudes e escolhas do presidente, é possível que seus seguidores o ajudem tão somente a ser eliminado no paredão de 2022.