Os partidos que consideram representar o centro da política brasileira vão travar uma batalha diferente nestas eleições. Haverá uma clara disputa para saber qual destes partidos vai liderar este segmento da política nacional.
O MDB quer voltar a ter a hegemonia e, por isso, vai ter um candidato à Presidência da República. O partido comandou este setor político até perder as eleições presidenciais de 1994. Para os emedebistas vencer o pleito não será sua única vitória possível. Impedir que o PSDB reassuma ou continue a comandar o Centro também será uma grande vitória.
Os tucanos acreditam que podem vencer as eleições, mas claramente lhes interessa manter a liderança sobre todos os partidos que o apoiaram no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Por isso, os porta-vozes das elites econômicas e dos barões da mídia não se cansam de desmerecer os outros e encher a bola dos tucanos.
O DEM, que afundou nos últimos 14 anos, também quer reassumir uma posição de maior protagonismo. Quer voltar a ter o poder que exerceu nos mandatos de Fernando Henrique. E, por isso, também não quer que os tucanos saiam por cima. Esta é a lógica da insistência do MDB e do DEM em apresentar candidatos próprios para o pleito de outubro.
Só tem poder quem tem voto. A participação política é uma decorrência da força e não da generosidade.
Outros políticos também buscam ajeitar suas abóboras em cima desta carroça. Álvaro Dias (Podemos), Fernando Collor (PTC), João Amoedo (Novo) e Flávio Rocha (PRB).
Nos últimos dez dias, este embate se tornou ainda mais dramático. A entrada em cena do ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, que deve filiar-se ao PSB, colocou um novo ingrediente na fervura. O relator do processo do mensalão passará a ser um poderoso concorrente dos que, como Geraldo Alckmin, pretende se apresentar como paladino da moralidade. Barbosa também passará a disputar o voto da anti política, que tem sido galvanizado até agora por Jair Bolsonaro, candidato do PSL.
Uma nova política vai nascer depois destas eleições. A Lava Jato não atingiu a todas as lideranças políticas, mas atingiu a todos os partidos e, sobretudo, a forma como se faz política no país. Há uma guerra aberta no Centro, sobre a qual demos uma pincelada neste texto. Mas também há uma queda de braço na esquerda, que também passará por uma reorganização. Sobre isso pretendemos escrever outro dia.