A direita paulistana, com seus asseclas, está tensa. O seu partido, o PSDB, enfrenta dificuldades inesperadas nestas eleições. Em todas as pesquisas, o seu candidato, Geraldo Alckmin, aparece em terceiro lugar. O governador paulista está atrás de Lula (PT), de Jair Bolsonaro (PSL), de Marina Silva (Rede) e empatado com Ciro Gomes (PDT). Quando Lula não consta do cardápio, ele fica, na maioria das consultas, atrás de Bolsonaro, Marina e Ciro.
Analistas dirão que é muito cedo e que a população, depois de 14 anos do PT e da esquerda no poder, está com saudades da direita paulistana. Pode ser? Hoje, as enquetes mostram que a direita está fortalecida, mas o escolhido para representá-la parece ser Bolsonaro. Quanto à direita paulistana, continua com o apoio da elite, dos economistas liberais e de comentaristas eternamente apaixonados. O fato é que a direita está dividida e que, provavelmente, na primeira fase da campanha, haverá uma luta para uni-la.
O alvo imediato da direita quatrocentona paulistana é o candidato Jair Bolsonaro. Ela navegou nas águas da antipolítica no petrolão. Como se sabe, a direita não gosta de política, gosta de esmagar os que pensam diferente. Mas quem acabou ficando com a bandeira foi o ex-capitão. Não é à toa que se quer saber se os eleitores têm conhecimento de que ele teria ficado rico durante a carreira política. Pois é, a maioria não sabe e isso mostra que há um largo espaço para turbinar sua rejeição. Essa desinformação pode levar a direita paulistana, e seus porta vozes, a abandonar temporariamente a fúria contra “Lula-PT-esquerda” e voltar seus canhões contra o estorvo Bolsonaro.
O cenário eleitoral é diferente em 2018, dos que existiam em 2010 e 2014. O Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) não é mais voto cativo da direita paulistana. Bolsonaro tem uma relevante votação nessa região do país. Essa divisão fragiliza os quatrocentões. Hoje, ela racha aquela votação que antes era quase exclusiva. No Sul, ela ainda têm que vencer outro problema, sobretudo no Paraná, com a candidatura de Álvaro Dias (Podemos). Até mesmo no seu território, São Paulo, há a ameaça concreta de perda de votos para Bolsonaro e outros (como o presidente Michel Temer).
O candidato do PSL, o do Podemos, ou aquele outsider Luciano Huck, que se preparem. Vão levar muita bordoada pela frente, de cima a baixo, pelos lados e por trás. Quem acompanha o merecido massacre, contra Lula e o PT, é capaz de ter uma ideia do que pode vir por aí. Cassetada aberta e fechada. Bordoada no papel, nos sites e nas redes. A história política da direita paulistana, depois de 1945, foi assim: Adhemar de Barros dançou; Jânio Quadros se perdeu no caminho; Fernando Henrique Cardoso venceu; José Serra e Geraldo Alckmin decepcionaram. Agora, os quatrocentões reabilitam Alckmin e lhes dão uma segunda chance.
E para encerrar, é adequado dizer que a direita paulistana não gosta de ser chamada de direita e se serve, às vezes, de gente mais arejada, como FHC, Serra e Aécio Neves. A direita paulistana não gosta de revelar o que fará no poder. Já teve candidato ilusionista. Já teve até candidato sem programa. No governo FHC, o ministro Paulo Renato (Educação) teve que enfrentar o ministro Pedro Malan (Fazenda) para implantar o Bolsa Escola. Os quatrocentões são contra a Zona Franca de Manaus; querem acabar com o Banco do Nordeste; estrangular o Bolsa Família; e, extinguir o programa das cotas universitárias. É só ler os seus ideólogos. Na política também existe o “domínio do fato”. Não precisa proclamar, defender ou anunciar. Basta um dos seus insinuar. E mais uma coisinha: a direita paulistana gosta de ser chamada de centro. Acha mais simpático.