Covid – A teimosia e a ignorânia dos insensatos contra o isolacionismo

Surpreendente e inacreditável. Mas está sucedendo de maneira rápida e persistente, em vários países. Se não for possível combater a ação dos grupos que se recusam a participar do isolamento social, tratamento preventivo mais eficiente contra o coronavírus, a situação mundial será de calamidade. As mortes se multiplicarão, os hospitais não terão vagas para atender as vítimas, faltará respiradores e outros itens da estrutura de combate à pandemia. Na Europa, berço de civilizações, os que combatem o isolamento ameaçam reações extremas contra as imposições das autoridades sanitárias.

A segunda onda da pandemia está aumentando os casos de mortes, derrubando  a prevenção e o tratamento possível do vírus, como vem acontecendo agora. Recrudesceu a doença, assim como a reação dos que não aceitam as ações preventivas e querem usar a rebeldia para fugir das restrições impostas pelas  autoridades. Já constatado que sem esse comportamento o êxito no combate à doença estará comprometido. A rejeição ao isolamento é ato de ignorância, pela incapacidade de entender a realidade; e de egoísmo, já que  a insensatez de muitos compromete a totalidade da população.

Restaurantes vazios.  Em Paris, praticamente sem clientes

Os promotores da rebelião contra as restrições sociais e as aglomerações públicas, independentes da formação cultural, agem movidos pela ignorância, a insensibilidade, o desapego à solidariedade  humana.  Não se dispõem a um pequeno sacrifício para melhoria total da situação da humanidade. Desfilam a boçalidade nas festas, rodas de samba,  bares, boates, praias e outras diversões. Sem máscara. Sem higienização. Sem distanciamento.

Hospitais cheios. Manaus – Foto Reprodução Tevê Globo

Como combater os que se negam a participar do  esforço mundial pela neutralização  do vírus?  Proporcionar aos rebeldes melhores condições de entretenimento, já que se queixam da tristeza e da neurose, da falta do que fazer, do afastamento dos  amigos e parentes, e não se sentirem bem sozinhos em casa. É preciso evitar confrontos públicos, a que pode conduzir a eventual radicalização entre os dois grupos. Seria castigo ficar em casa com a família? Ler um livro em sua sala? Arriscar fritar uns quibes na cozinha?  Olhar pela janela e ver o tiroteio do dia? Suportar um pouco de televisão?

Ta rindo do que? – Foto Orlando Brito

Numa avaliação radical, mesmo sendo uma difícil  proposição, uma  opção seria a reserva de considerável área nas grandes cidades, dotada de equipamentos de lazer e de uma zona boêmia com  bares, cinemas, restaurantes, etc. E outras atrações como pagode, roda de samba, axé, bingo, tudo para atender os alegres integrantes do bloco contra o isolamento. Essa área seria liberada exclusivamente para a permanência do pessoal que não quer fazer confinamento e prefere curtir a realidade, mesmo adversa, numa área liberada. E  lá desfrutem de seus prazeres, músicas, danças,  comidas, bebidas, papo animado nas mesas. Nada de máscaras, de álcool 70, nem higienização.

Seria então, forçada pela realidade e os abusos, a separação entre os grupos que praticam o isolamento social e os que não aceitam a medida e trabalham contra ela. Assim estaria  rompido o esforço conjunto dos  brasileiros para  liquidar o coronavírus. Os que optaram  por cair na farra e manter os hábitos dos tempos de normalidade, acabarão por enfrentar uma situação bem mais perigosa do que os que cumpriram o isolamento social. A insensatez dos revoltados, insensíveis ao esforço global contra o vírus, enquanto as vacinas não chegam, é uma atitude que confronta a sobrevivência da humanidade.

— José Fonseca Filho é Jornalista

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