A crise na campanha do Donald Trump, que nas primeiras horas da sexta-feira chegou ao seu ponto culminante com o anúncio que o presidente e a primeira-dama Melania testaram positivos para o covid 19, tem absorvido toda a cobertura política na capital americana.
O presidente Trump interagiu com dezenas de empregados, doadores e membros do seu fã clube esta semana. Até a advogada que ele nomeou para a Suprema Corte, a juíza Amy Coney Barrett, esteve na Casa Branca esta semana.
Ainda não está claro quantos outros assessores que tiveram contatos com ele testaram positivo.
Na segunda-feira, o presidente Trump informou a sua estratégia de testes de coronavírus do governo e anunciou um plano para distribuir 150 milhões de testes rápidos. Na manhã de sexta-feira, ele mesmo tinha o vírus.
As últimas semanas foram agitadas para Trump.
Na segunda-feira, o presidente participou de diversas reuniões com membros da sua campanha na Casa Branca. Ele teve contato com funcionários que são testados regularmente. Trump não usa máscaras e toma outras precauções de segurança na residência oficial.
Ele participou de uma arrecadação de fundos a portas fechadas numa mansão de um milionário em Minneapolis, e apareceu diante de milhares de pessoas em um comício em Duluth, no estado de Minnesota, onde a maioria da multidão não usava máscaras. Trump também dividiu um palco com o democrata Joe Biden.
Ainda não está claro quando e como o presidente contraiu o vírus. Trump e a primeira-dama disseram que ambos testaram positivo horas depois que um de seus assessores mais próximos, Hope Hicks, também deu positivo. Hicks recebeu o resultado depois que começou a sentir sintomas na quarta-feira enquanto participava do comício do presidente em Minnesota.
Nas primeiras horas de sexta-feira, ainda não estava claro quantos outros assessores que tinham entrado em contato próximo com Trump tinham testado positivo, mas a Casa Branca disse que sua unidade médica está realizando rastreamento de todos os contatos.
Os principais assessores do presidente estão em estado de choque e informam que esperam uma série de casos adicionais entre as pessoas na órbita de Trump .
Empregados da Casa Branca tentaram evitar que as notícias sobre Hicks se tornassem públicas, sem sucesso.
Trump, por sua vez, tem sido fatalista ao comentar com empregados sobre se ele ou outros ficassem doentes, descrevendo a possibilidade como um jogo de loteria. O presidente participou de uma série de eventos em que ele desprezou a fatalidade do vírus na frente de multidões de seguidores, todos sem usar uma máscara.
Na segunda-feira, no Rose Garden, Trump se gabou do progresso da sua administração em direção ao aumento da capacidade de testes.
“Eu digo, e vou dizer isso o tempo todo: estamos virando a esquina”, disse ele. Trump foi acompanhado pelo vice-presidente Mike Pence; Alex M. Azar II, ministro da saúde; Betsy DeVos, ministra de educação; e o presidente do laboratório Abbott, Robert Ford.
Na terça-feira, o candidato republicano estava acompanhado dos seus filhos, assessores da Casa Branca e funcionários de campanha no Air Force One a caminho de Cleveland para o primeiro debate presidencial. Nenhum deles usava máscaras quando foram vistos embarcando e desembarcando. Bill Stepien, o gerente de campanha do presidente, foi visto a bordo sem máscara e, em seguida, foi visto entrando em uma van pessoal com Hicks.
No palco em Cleveland, Trump zombou de Biden, o candidato presidencial democrata, por seu hábito de usar uma máscara em público.
“Não tenho nada contra máscaras”, disse Trump, acrescentando: “Coloco uma máscara quando acho que é necessário. Hoje à noite, por exemplo, todo mundo fez um teste e praticamos distanciamento social e todas as coisas que você precisa, mas eu só uso máscaras quando necessário.”