RENATA MOURA, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Há alguns anos, o sistema de saúde pública do Distrito Federal tem acolhido pacientes não apenas da capital, mas de vários estados brasileiros. Em tempos de Covid-19, segundo dados apresentados no painel de transparência da pandemia, o GDF já contabiliza o atendimento de 507 casos de moradores de fora dos limites territoriais locais.
De acordo com o boletim divulgado nesta terça-feira (19) às 17h37, dos atuais 4.853 registros de casos confirmados, 226 são de pacientes do entorno; outros 281, de outras unidades da federação. Os números somados ultrapassam os registros de três regiões administrativas com maior número de casos: Plano Piloto (515), Ceilândia (355) e Águas Claras (285).
Na semana passada, os secretários de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, e de Goiás, Ismael Alexandrino, assinaram um termo de cooperação interfederativo, no Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O documento prevê, entre outras medidas, repasses dos valores do Sistema Único de Saúde (SUS) referentes aos tratamentos realizados aqui no DF.
“Esse percentual de 10% de procura dos moradores de outros estados pela saúde do DF é uma média que se repete no tratamento de outras doenças, como casos mais graves de dengue, transplantes e outros tratamentos de saúde. A depender da especialidade, ele até pode dobrar”, conta o subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage.
Segundo o médico, além das 12 cidades da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE/DF), para o tratamento do novo coronavírus, o DF tem recebido pacientes até mesmo da região norte do país. “A rede privada tem acolhido a transferência de pacientes graves para UTIs em função dos convênios”, detalha Haje.
Estudo elaborado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), no ano de 2018, já apontava essa forte tendência pela procura da rede pública de saúde da capital federal. De acordo com a Pesquisa Metropolitana por Amostragem de Domicílios (PMAD), pelo menos 24% de toda a população do Entorno opta por buscar os serviços de saúde no Distrito Federal.
“Os municípios que mais usam os hospitais do DF são Novo Gama e Águas Lindas”, acrescenta a diretora de Estudos Urbanos e Ambientais da Codeplan, Renata Lorentino. Ela destaca ainda que as duas cidades também estão entre as mais populosas. “No Novo Gama, estima-se que cerca de 70 mil pessoas utilizem hospitais do DF; em Águas Lindas, a essa estimativa é de 67 mil pessoas”, completa.
Referência
Para o subsecretário Eduardo Hage, além da qualidade dos profissionais de saúde, os pacientes de fora são atraídos pela estrutura oferecida no Distrito Federal. “O Entorno e muitas cidades que transferem pacientes para cá o fazem em função dos leitos de UTI. Muitos não possuem essa estrutura para tratar casos graves”, completa.
Conforme dados da Secretaria de Saúde, até o momento da taxa de ocupação dos leitos de UTI (públicos e privados) está em 42%. “Hoje, o atendimento desses pacientes de fora não compromete, em gravidade, a oferta de serviços para população local”, disse. Haje prevê que o cenário melhore ainda mais. “Nossa expectativa é de que até a primeira quinzena de junho tenhamos 850 leitos de UTI disponíveis”, contabiliza.
| EDIÇÃO: RENATO FERRAZ