A cada dia que passa fica mais patente a importância de trazer para a campanha eleitoral deste ano o tema corrupção. Simone Tebet e Ciro Gomes têm obrigação de provocar o debate, mostrando suas propostas para o combate à impunidade nos casos de desvio de recursos público – seja nas estatais seja em áreas essenciais como educação.
A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro mostra que essa chaga não acabou no Brasil, como Bolsonaro quis fazer crer afirmando que não existia corrupção em seu governo. Ela continua afetando a população, sobretudo aos mais pobres, pelos desvios em setores essenciais da sociedade como saúde, educação, segurança, meio-ambiente. É por isso que a corrupção não pode ficar de fora do debate eleitoral, nem este ano, nem nunca.
O caso Milton Ribeiro, embora não seja o primeiro episódio de corrupção no governo Bolsonaro, coloca o problema dentro do Palácio do Planalto. Não apenas pelo áudio do próprio ex-ministro, vazado em março, afirmando que “foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”. Mas pela proximidade de Bolsonaro e da primeira-dama com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Assim, por motivos óbvios, os dois candidatos mais bem avaliados nas pesquisas de opinião pública – Lula e Bolsonaro – certamente deixarão o debate em torno do combate à corrupção de lado. A depender dos dois, a discussão sobre esse assunto não passará de meras acusações de parte a parte. Afinal, não interessa a nenhum dos lados se aprofundar em tema tão incômodo para ambos.
E não precisa ser muito esperto para entender esse jogo. Aproveitando uma bravata de Bolsonaro, que sugeriu criar a CPI da Petrobras, a oposição no Senado até tentou se mobilizar para apresentar o requerimento antes do governo. Randolfe Rodrigues, que foi vice-presidente da CPI da Covid, chegou a buscar assinaturas para sua proposta, mas o assunto morreu no nascedouro por falta de apoio na própria oposição, especialmente do PT, pelo temor de reviver no palco do Congresso os descalabros cometidos nas gestões petistas na Petrobras, que resultaram na Lava Jato.
E por falar em Lava Jato, nunca é demais lembrar o acordão feito por Bolsonaro, com apoio do Centrão e do PT, para acabar de vez com a operação que devolveu aos cofres públicos, até abril deste ano, bilhões de reais desviados da estatal. Unidos em favor da impunidade, direita e esquerda querem impedir que novas operações como a Lava Jato ocorram no país.
Graças a Deus Ciro Gomes parece não estar disposto a deixar a corrupção fora da pauta. Em recente entrevista ao Flow Podcast, lembrou que “Lula nunca foi inocentado em nenhuma das acusações das quais ele foi condenado”. Explicou que o que houve, na verdade, foi a anulação – depois de cinco anos e 14 recursos – das sentenças por incompetência da Vara de Curitiba para julgar o caso.
“Quando ia começar tudo de novo, em Brasília, Lula completou 75 anos e atingiu a prescrição. Eles estão mentindo despudoradamente dizendo que ele foi inocentado”, disparou.
Sobre Bolsonaro, Ciro ironizou: “Ele disse que fica no governo até quando Deus quiser. Se o pastor Milton Ribeiro cumprir o compromisso cristão de falar a verdade, será um poderoso agente da vontade divina”.
Tomara!