O storytelling está na moda. A definição que se costuma dar é que storytelling é a prática de se contar uma boa história. Ou seja, uma história que consiga reter a atenção do interlocutor. Pode ser apenas uma frase que resuma uma situação, mas é uma boa maneira de vender uma ideia. Se essa história contiver humor, poderá ser lembrada para sempre, ainda mais se as pessoas se identificarem com situações vividas e parecidas com a história contada.
Um leão novo chegou ao Zoológico da cidade e foi colocado na mesma jaula do leão velho. Durante as visitas o leão novo rugia imponente, atraindo o público, enquanto o leão velho dormia cansado em um canto. Na hora do almoço o leão velho recebia do tratador um suculento pedaço de carne enquanto o leão novo, revoltado, tinha que se contentar com um cacho de bananas. A cena se repetiu algumas vezes até que, inconformado, o leão novo questionou o tratador que explicou: – Quando você entrou aqui só havia vaga para um leão e aí tivemos de classificá-lo como macaco.
Essa história lembra longas discussões sobre desvios de função e quadro de vagas limitado numa longa série de imbróglios burocráticos que acontecem muito em órgãos públicos e também em empresas privadas.
A política também alimenta histórias. Conta-se que um novo gestor público, recém eleito, recebeu do seu antecessor três cartas para serem abertas sucessivamente nas três primeiras crises que enfrentasse. Na primeira crise, aberta a primeira carta estava lá: “Culpe a administração anterior”. Resolvido o problema com a atitude tomada, seguiu-se o governo até que ocorreu a segunda crise. Corre-se para abrir o segundo envelope onde está: “Mude o organograma e troque as pessoas”. Sanada a segunda crise, passado mais um tempo, ocorre a terceira. Rapidamente recorre-se à terceira carta que diz: “Escreva três cartas”.
Alguns observadores da vida das empresas colocaram na forma de leis algumas verdades com as quais nos acostumamos a conviver, muitas vezes sem perceber. A Lei de Parkinson, por exemplo, diz que “o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para ser concluído”. Outra define as seis fases de um projeto: entusiasmo, desilusão, pânico, busca dos culpados, punição dos inocentes e promoção dos não participantes.
O grande dá sua contribuição quando diz que “errar é humano. Botar a culpa nos outros também”. Essa tem uma variante: ”se numa situação tensa o responsável estiver tranquilo é porque já achou em quem colocar a culpa”. Homer Simpson, personagem de Matt Groening, cartunista americano, afirma que existem três frases curtas que levarão sua vida adiante: “ Não diga que fui eu!”, “Ó, boa ideia, chefe!” e “Já estava assim quando cheguei”.
O engenheiro Isu Fang (falecido em 2021) construiu um conjunto de leis impagáveis: 1)Em qualquer campo da atividade humana, o homem sempre fará aquilo que sabe, e não o que deve ser feito. 2) Se o último minuto não existisse metade das coisas não seriam feitas. 3)Quando numa reunião alguém apresenta um documento como subsídio para a discussão de um problema, passa-se automaticamente a discutir o documento e ignorar o problema. 4) Quando três soluções alternativas para um mesmo problema são apresentadas e uma delas pode ser caracterizada como intermediária, ela será adotada, independentemente de seu mérito. Corolário: Se você tem uma solução preferida, trate de caracterizá-la como intermediária, mesmo que precise inventar soluções alternativas para isso. 5) A importância que um indivíduo atribui ao “status” associado ao cargo que ocupa é inversamente proporcional à sua competência para ocupá-lo. 6) Em sistemas complexos, não há diferenças significativas entre decisões baseadas no senso comum e aquelas baseadas em longos e intensivos estudos. Corolário: Um estudo de viabilidade deve ser desenvolvido observando a seguinte sequência de etapas: a. obtenção das conclusões; b. dimensionamento dos estudos para dar respeitabilidade às conclusões; c. realização dos estudos. 7) Se você tiver uma boa solução, você está arriscado a ganhar um problema. Corolário: Se você lembrar que um problema existe, você provavelmente será encarregado de resolvê-lo. Ou como dizia Neném Prancha, filósofo do futebol: Quem desloca recebe, quem pede tem preferência.
Quem não viveu situações semelhantes na vida empresarial?
– Evandro Milet – Consultor em inovação e estratégia e líder do comitê de inovação do Ibef/ES