Depois de grande parte da pré-campanha animado com as boas perspectivas eleitorais, e se conduzindo pessoalmente de forma moderada -embora tenha escorregado algumas vezes provocando mal estar entre os próprios aliados-, o ex-presidente Lula começa a sentir o peso da campanha, que tem início oficialmente nesta terça-feira 16 de agosto.
Recente pesquisas eleitorais em São Paulo e Minas Gerais apresentaram resultados preocupantes para a candidatura do petista. A perspectiva dele passou de otimista para tipo “se cuida, rapaz”. As pesquisas são meras avaliações do panorama político e as perspectivas dele decorrentes. Muitas agências acertam. Outras assustam.
Nessa recente pesquisa, Lula aparece em queda violenta no estado de São Paulo, berço do PT, já sendo quase igualado por Bolsonaro, que desde o início, em quase todos os Estados, tem obtido desempenho nas pesquisas inferior ao adversário. A possível virada de São Paulo poderá ter sequência nos próximos desempenhos ou vai se configurar como um susto meramente passageiro?
Já Bolsonaro recebeu uma notícia quase inacreditável, disparando no otimismo. Empolgação, na verdade. A mesma agência que o elevou acima das nuvens em São Paulo, apresentou semelhante panorama em Minas Gerais. Não por coincidência, são os dois maiores colégios eleitorados do país.
O espírito de campanha de Bolsonaro e sua equipe é da violência para cima. Grosserias e desrespeitos ao eleitorado o tornou ainda mais rejeitado pelos eleitores. Mesmo assim vem ganhando espaço e reduzindo a diferença para Lula. Um dos trunfos do bolsonarismo é a participação da primeira-dama, Michele, e do séquito de evangélicos, que entraram com tudo na campanha, ganhando mais apoio nesse segmento falsamente religioso.
Pela pesquisa bombástica de São Paulo, Lula estava no início da campanha com dez pontos a frente de Bolsonaro. Hoje aparece praticamente empatado. Se essa tendência continuar, o PT terá mais preocupações. O vai e vem das pesquisa assusta os candidatos, ainda que sejam os mesmos de sempre, como tem sido no país.
Na Bahia, outro tradicional reduto petista, Lula e o seu partido caminham para a derrota. ACM Neto está com mais de 50% das intenções de votos para o governo, depois de 4 mandatos seguidos do PT. Tanto assim que o ex-governador Rui Costa não lançou um candidato em condições minimamente disputáveis, apenas um nome para dar satisfação ao eleitorado baiano e aos militantes.
Enquanto Lula parece descansar e considerar que vai ganhar mais uma vez, completando 5 vitórias presidenciais ( 3 dele e 2 com a Dilma ), o carreirista Bolsonaro utiliza todos os métodos possíveis para se manter no cargo. Mesmo com seu jeito grosseiro, xingando quem aparece na frente. Representa o máximo da competência na produção de absurdos, bobagens, grosserias, insultos.
Bolsonaro vem fazendo de tudo para conseguir se reeleger. Uma penca de benefícios nos bilionários pacotes de bondades, aumentos salariais para militares, provocações à Justiça, ameaças à democracia, e estímulo à baderneiros. Tudo para criar as condições para tentar dar um golpe. Enquanto Lula vem mantendo o discurso ultrapassado e prometendo revogar a reforma trabalhista, promovida pelo presidente Temer, e aumentar o tamanho do estado, posicionando-se contra privatizações, especialmente a da Petrobras.
Tanto Lula quanto Bolsonaro, representam os verdadeiros riscos à democracia. Ambos não se mostram preocupados em resolver os dramas do país. Pobreza, criminalidade, corrupção, ignorância, fome, desrespeito, violência. Nada disso muda com a eleição de qualquer um dos dois. O Brasil vivem uma crise quase eternizada no tempo.
As promessas feitas Bolsonaro para obter apoio eleitoral, mostram que o presidente, mesmo sabendo da situação do país, não tem responsabilidade com o dinheiro público. Garantem benesse tentadoras para o funcionalismo civil e militar, e para as famílias mais pobres.
De onde virá o dinheiro para arcar com tais benefícios ainda não foi estabelecido. Magicamente, deve aparecer. Assim como, por outra magia, deve depois desaparecer. Mas pode ajudar a eleger o temerário capitão motociclista, o único do país liberado para dirigir sem capacete.
Os brasileiros assinaram um documento em defesa da democracia. Não foi a primeira vez. A democracia será eternizada entre nós por nós próprios, brasileiros e brasileiras.
– José Fonseca Filho é jornalista