Não precisa ser uma potência intelectual, com mestrado em Ciências Políticas, graduado em História, aprovado em Tecnologia e Informática pelo MIT, tendo ainda participado de cursos na escola de Estado Maior das Forças Armadas. Ter livros elogiados sobre democracia e ciência política, e nas horas vagas fazer Sociologia na PUC.
Não é necessário todo esse conjunto de qualidades para entender, sem queimar muito as pestanas, o que o capitão da reserva Jair Bolsonaro gostaria de fazer com o Brasil. E os meios de chegar lá. Seu projeto já está em desenvolvimento. Para perceber basta acompanhar os fatos, ter lucidez, bom senso, inteligência e, o que o capitão não esperava: capacidade de discernimento dos brasileiros.
O que o presidente pretende é retomar os rumos de 57 anos atrás, quando foi deflagrado o golpe de 64. Para isso está promovendo agitações sociais, provocações de seus esbirros através da mídia, passeatas, e teses criminosas como extinguir o Congresso e o STF. Além do desrespeito ao estamento militar com suas lideranças renovadas, tal como a política, resultado da evolução do mundo e da sociedade. Bolsonaro é retrógado.
Péssimo governante, com péssimos ministros, salvo exceções de praxe. O Mimimi desbocado prega o negacionismo, a violência, recomenda remédios contra a Covid condenados pelos cientistas. Agora seu projeto entra em fase delicada. Resolveu provocar as lideranças das 3 Armas, que se pautam pelo respeito à Constituição, demitindo-os simplesmente. Ele gosta dos milicos de 64, como o coronel Brilhante Ulstra, mas não aprecia as Forças Armadas da atualidade, que o colocaram para fora.
Hoje militares e políticos sérios e honestos convivem e se respeitam, em ambiente de civilidade e amor à pátria. O que o Bolsonaro gostaria mesmo era de conquistar apoio de altas patentes militares, mas sabe que isso será impossível. Elas não admiram seu ideário nem estilo, e têm a mentalidade moderna e aberta. O presidente admira militares do passado, da época dos comunistas, que ele ainda vê em cada esquina.
Mesmo ciente da antipatia dos comandantes das Forças Armadas, colocou um general da ativa como Ministro da Saúde, que os militares não aprovam. Os resultados foram catastróficos. Já indicou cerca de 7 mil militares para funções no serviço público, além de cargos administrativos em estatais. Se continuar assim e o Brasil eventualmente for envolvido em algum conflito, acabará precisando convocar os reservistas.
Os ataques de Bolsonaro e seu esbirros não primam pela inteligência. O depufede Vitor Hugo (PSL-GO) tentou ampliar os poderes do chefe através de um projeto de locomoção e enganando os parlamentares. Pifou. A equipe de Bolsonaro e seus seguidores é incompetente para governar como para dar golpe ou autogolpe.
— José Fonseca Filho é Jornalista