Agora, para Bolsonaro e seus grupelhos, é seguir com as provocações dominicais aos adversários, nas passeatas, nas lives, além de piadinhas bobas com as quais ofende a todos. O capitão motoqueiro não se incomoda. O que ele mais queria fazer já conseguiu: dividir o povo brasileiro em dois grupos antagônicos, em fase de radicalização. Com a proximidade das eleições, e tendo um possível adversário sindicalista contra o qual concorrer, Bolsonaro considera cumprida sua primeira etapa da batalha para ganhar outro mandato. Dividir para acabar, dividir para dar um golpe, dividir para dominar.
O choque que se acentua na população brasileira já foi provocado com o açodamento entre esquerdistas e direitistas, e deve continuar. Ou seja, na mentalidade bolsonariana: comunistas e fascistas. Dois fantasmas que povoam as mentes de Bolsonaro e seguidores. Os atritos começam a acontecer. Primeiramente nos fins de semana, quando o presidente promove happenings de motos e, à frente da horda se entrega ao exibicionismo. Movimento ainda incipiente, mas perigoso e descontrolado. Quando pratica a agressividade e estimula a violência a turma do capitão está colocando o país em ritmo de conflagração.
O Brasil sempre foi um país pacífico, assim como seu povo. Nesta era bolsonariana surgem grupos radicais atacando os poderes da democracia, legislativo e judiciário, além de instituições democráticas e culturais. Fascistóides em ação. O Messias motoqueiro nada faz para conter as licenciosidades. Modesto assim, acha que o Exército brasileiro é dele. Trata-se do “meu Exército”, costuma afirmar. Mas um general que foi presidente e era dos oficiais graduados mais respeitados do Exército, Ernesto Geisel, deu uma pitada sobre o atual presidente: “É um mau soldado” – disse em referência a Bolsonaro.
Bolsonaro faz provocações aos jornalistas e aos macacos de auditório desocupados e sempre presentes no chiqueirinho da entrada do Alvorada. Quando aproveita para xingar uns e outros, especialmente as mulheres. O governo Bolsonaro fracassou em quase todas as ações administrativas que sejam do interesse da população carente. O que Bolsonaro tem feito contra o país e seus estamentos sociais é uma desonra atiçada contra a população e o menosprezo por ações administrativas que ajudem a superar os problemas nacionais.
Com suas grosserias generalizadas o Messias motoqueiro procura conduzir o país de qualquer modo, pretendendo ganhar outro mandato. Nesse particular, tenta realizar uma tarefa que anunciou no início de seu mandato, e ninguém praticamente acreditou. O motoqueiro, em tarde desocupada no Alvorada, até resolver com a camisa de qual time iria se apresentar no próximo live, lembrava consigo mesmo que o Brasil tem um sistema de apuração eleitoral absolutamente imune a fraudes. “Opa, tenho que dar um jeito nisso” pensou consigo mesmo. E já está em debates projeto para o retorno da votação manual, não tão imune assim.
Essa trabalheira, mistura de coisas com coisas nenhumas, agressões e xingamentos em quantidade, resulta da etapa decisiva do único projeto que o motoqueiro leva realmente a sério. Um golpe, gente. O Bolsonaro está se preparando para dar um golpe nas instituições, a depender de sua viabilidade, que vem sendo estudada. Podem até sorrir, debochar, mas é uma possibilidade real que vai mostrando seus tentáculos. Estaremos, e nosso Brasil, salvos se o golpe depender de competência dos golpistas. Se for como a campanha do governo contra o coronavírus, o golpe pretendido pode ficar sem oxigênio. Mas vão tentar.
— José Fonseca Filho é jornalista