O atentado contra Jair Bolsonaro sepultou as chances de Geraldo Alckmin. O palco se iluminou para o capitão se apresentar como virtual vencedor, mas emergiu um Bolsonaro “paz e amor”.
O vice pediu moderação, o filho culpou a imprensa por espalhar a ideia de que o pai é racista-machista-homofóbico e que, por isso, foi vítima. O justiceiro de “bandidos” de impostos, de valores e de vidas pediu para baixar a temperatura. Será que fará o mesmo se sentar no Palácio do Planalto?
Parece que Bolsonaro mudou completamente quando sentiu uma violência “na própria pele” . E quando “sentir na pele” um assessor acusado de corrupção ou uma chantagem do Congresso Nacional? Fará como Temer, que prometeu exonerar ministros denunciados por corrupção e acabou protegendo os auxiliares e a si próprio, até mesmo rejeitando duas denúncias do Ministério Público?
Após o deplorável incidente, Bolsonaro ficou mais vulnerável: até que ponto sua saúde lhe permitiria governar?
A foto dele debilitado no hospital fazendo o gesto de uma arma chega a ser chocante. Lembrou-me o olhar de Lenin em foto na cadeira de rodas depois de sofrer um AVC, decorrente também de uma tentativa de assassinato.
O que dizer do clamor pela paz em uníssono com Temer, Alckmin, Haddad e até com Guilherme Boulos, que eram “farinha do mesmo saco”?
O clima agora será de “vamos discutir propostas” para pôr Paulo Guedes em destaque, reduzindo o papel de Bolsonaro? Todos no Reino Fungi sabem que para Guedes o perfil anti-sistema do capitão é o de menos. Establishment para o guru são “azinimiga” do departamento de economia.
Tanto que já foi divulgado que costura uma aceitação de Bolsonaro pela Globo, que os eleitores do Mito sempre acreditaram ser a grande difusora da “ideologia de gênero”. A cobertura da emissora ao presidenciável não dá margem para dúvidas.
Time is politics
Leopoldo Vieira, editor do relatório de análise de cenários Idealpolitik, é especialista em Administração Pública pelo IESB, com atualização em Engaging Citizens: A Game Changer for Development, pelo Banco Mundial.