A última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira, mostra um quadro estável em relação à corrida presidencial. Ciro Gomes e Simone Tebet permanecem com os mesmos índices de intenção de votos, mantendo a polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro, com uma diferença bastante significativa a favor do petista. Esse resultado nada mais é do que o reflexo de uma gestão inteira de brigas e trapalhadas.
Bolsonaro tentou minimizar os resultados na live desta quinta-feira (28), mas algumas de suas atitudes demonstram o desespero com a possibilidade real de derrota. Para tentar justificar a pesquisa, avaliação do presidente é de que a “virada” a seu favor ocorrerá no final de agosto, quando o Auxílio Brasil turbinado começar a entrar no bolso da população mais pobre, assim como as ajudas aos taxistas e caminhoneiros. O início do horário eleitoral na televisão, também no mês que vem, é outra esperança de melhora de sua imagem.
A queda no preço da gasolina, que poderia ter aumentado o apoio ao presidente, não surtiu efeito. Não houve mudanças no quadro em relação ao mês anterior. A variação foi dentro da margem de erro. Em junho, Bolsonaro tinha 28% das intenções de votos, contra 48% de Lula.
É possível que o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600,00 possa ajudar a alavancar a candidatura do presidente, mas é muito difícil que essa virada inverta as posições. Lula tem uma situação confortável, se não houver nenhuma catástrofe, ele pode até ganhar ainda no primeiro turno. Já Bolsonaro, com mais de 50% de rejeição, precisa de um milagre pra virar esse jogo.
Talvez por isso a turma do Planalto ande tão preocupada. As trapalhadas cometidas por Bolsonaro, como a infausta reunião com embaixadores de 40 países para tentar desmoralizar o sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas, afetaram ainda mais a já combalida imagem do presidente. E as reações foram as piores possíveis para a campanha do capitão.
Assessores próximos ao presidente temem que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, negue o registro da candidatura de Bolsonaro à reeleição. Dizem que as declarações de alguns ministros apontam nesse sentido. Pode até ser, afinal, motivos não faltam.
Ao longo dos três anos e meio em que esteve à frente do Executivo, Bolsonaro passou o tempo inteiro conspirando contra o Legislativo e o Judiciário. Se alinhou ao Congresso após entregar os anéis, os dedos e até às mãos ao Centrão, por meio do famigerado orçamento secreto.
Além disso, Bolsonaro tem nas suas costas, nada menos que 533 processos, alguns nos inquéritos que investigam os atos antidemocráticos. Muitas dessas manifestações foram estimuladas ou contaram com a participação do próprio presidente.
Talvez por isso suas baterias tenham se voltado com toda força contra o Judiciário, sobretudo contra o Supremo e o TSE. Os ministros não parecem dispostos a tolerar novas ameaças vindas de Bolsonaro ou dos seus seguidores. A prisão de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, semana passada, foi o aviso final. O bolsonarista postou em suas redes sociais ataques aos ministros do Supremo e à democracia.
Se insistir nessa danosa brigar contra o sistema eleitoral, Bolsonaro corre o risco não só de ficar isolado, como de perder o registro da sua candidatura. O seu filho 03, deputado Eduardo Bolsonaro, parece ter entendido o recado e já baixou o tom em suas redes sociais. Resta saber até quando.