Arte da política é fazer o bem ou uma profissão para enganar o povo?

No que se converteu a política brasiliana? A culpa é do povo, do sistema político ou dos políticos? É possível melhorar?

Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Com 17 anos, Aristóteles partiu para Atenas, onde foi estudar na “Academia”. Com sua prodigiosa inteligência, logo se tornou o discípulo predileto do mestre Platão, que dizia: “Minha Academia se compõe de duas partes: o corpo dos alunos e o cérebro de Aristóteles”.

Aristóteles, nascido na Macedônia, em 384 a.C., partiu, aos 17 anos, para Atenas, onde logo se tornou o discípulo de Platão

É indiscutível que o ser humano – homo sapiens – seja o mais inteligente dos animais. Foi Aristóteles (384 – 322 a.C.) quem disse ser o homem um animal político. No curso da história, a política vem sendo definida como uma ciência da organização social onde se estuda a direção e a administração do estado. Mas também é uma arte quando nos regimes democráticos a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.

Nos 200 anos de independência destes mais de 215 milhões de cidadãos brasileiros, poderíamos afirmar categoricamente que aqui a palavra política significa ciência ou arte

Tomada a palavra “ciência” originária do latin scientia, que significa conhecimento”, derivado do verbo scire (“saber”), bem como a palavra “arte”, que é a expressão de um ideal estético para produzir a beleza como criação da atividade humana, surgem muitas dúvidas sobre estes significados na política brasileira.

Cada vez mais estamos vendo se alastrar na opinião pública brasileira uma opinião de que a “política não devia ser uma profissão, pois criou-se uma espécie de estigma contra a classe política pela forma e prática nefasta como muitos dela se servem.

O que vem chamando atenção é que hoje em dia – principalmente agora que estamos em plena campanha política e os próprios políticos se desnudam uns aos outros – se fica sabendo como é a realidade da política  neste presidencialismo de coalizão.

MENTIROSO não pode ser um artista da boa política porque não busca um ideal de beleza, já que a mentira nunca será reconhecida como beleza. VIRAR A CASACA DE UM DIA PELO OUTRO, da mesma forma como se troca de lado ou de partidos, também não é ciência, mas uma artimanha de mera enganação.

Em resumo, e infelizmente, podemos afirmar que nossa política vem piorando em relação ao passado, quando tomamos como comparação as nações e os países desenvolvidos deste planeta.

Não necessitamos de pesquisas para perceber o descrédito que nossos políticos vêm acumulando nos últimos tempos, causa direta da radicalização crescente entre esta casta de privilegiados, que se servem do estado para acumularem poder, riqueza e ainda gabando-se de suas extravagantes megalomanias de salvadores da pátria.

O POVO NÃO TEM CHANCE DE ESCOLHER O MELHOR, pois quase sempre lhe sobra a ironia, num país tão rico como o Brasil, de apenas e escolher entre o ruim e menos pior.

Afinal o POVO BRASILEIRO É RUIM?

Não. Decididamente não.

O mal de tudo isso está no SISTEMA DE GOVERNO, na enganosa forma de se votar numa determinada pessoa e acabar elegendo outra para que os donos de partidos se eternizem no poder com este sistema eleitoral do VOTO PROPORCIONAL, na ilusão de termos aqui verdadeiros partidos políticos, quando, na verdade, alguns deles se assemelham a verdadeiras ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS, como foi a Tammany Hall, também conhecida como Sociedade de St. Tammany, os Filhos de St. Tammany, ou Ordem Colombiana, uma organização política de Nova York fundada em 1786 e que tornou-se a principal máquina do Partido Democrata para controlar a política da cidade e o Estado de Nova York. Mas terminou-se porque a maioria dos seus principais líderes foram condenados e alguns até morreram na cadeia pela corrupção criminosa que praticavam.

A verdade da história humana tem deixado advertências como o protestantismo na mais antiga organização mundial Igreja Católica Apostólica Romana, que pertenço, pois cometia exageros litúrgicos e até passou a vender indulgencias plenárias para salvar os ricos e poderosos do inferno. O protesto iniciado pelos frades católicos Lutero (alemão) e Calvino (francês) contra a pompa e riqueza dos papas, causou a cisma e profundas mudanças.

Exageros à parte, mas para muita gente brasileira a transmissão dos cargos diretivos do nosso TSE, pela suntuosidade, pompa e extravagância de um mero ato administrativo, nos deixa intrigados nestes tempos de carência de recursos que o estado atravessa e com milhões passando fome. Ademais, a falta de explicação do judiciário do quanto foi gasto pela exigência de transparência sujeita as regras da Constituição Federal, que é clara no seu artigo 37:

 “A ADMINISTRAÇÃO PúBLICA DIRETA E INDIRETA DE QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICíPIOS OBEDECERÁ AOS PRINCíPIOS DE LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE PUBLICIDADE E EFICIêNCIA e, também, ao seguinte: (…) XXI, § 1º – A PUBLICIDADE DOS ATOS, PROGRAMAS, OBRAS,  SERVIÇOS E CAMPANHAS DOS ORGÃOS PúBLICOS DEVERÁ TER CARáTER EDUCATIVO, INFORMATIVO OU DE ORIENTAÇÃO SOCIAL, DELA NÃO PODENDO CONSTAR NOMES, SíMBOLOS OU IMAGENS QUE CARACTERIZEM PROMOÇÃO PESSOAL DE AUTORIDADES OU SERVIDORES PúBLICOS”. 

Versões cabulosas de passado recente davam conta de que muitas das despesas e mordomias, como hotéis cinco estrelas, passagem em primeira classe para membros dos nossos tribunais superiores, eram custeadas pelo orçamento de 50 milhões de reais que existia na Binacional Itaipu.

Nesta acirrada eleição, vamos eleger mais uma vez políticos profissionais para este mesmo sistema viciado e vicioso que costuma contaminar os bem-intencionados novatos que entram.

Apenas uma nova Constituição pela via da CONSTITUINTE EXCLUSIVA, sem a influência desta ditadura partidária, poderá traçar novas regras de exercício do poder.

Não são as pessoas que colocam a democracia em risco, mas o SISTEMA DE GOVERNO, assentado num legislativo inoperante que chegou ao cúmulo de produzir um orçamento secreto, de um judiciário que legisla e deixa prescrever as penas, com um executivo que pode se reeleger e até decretar silêncio para decisões que não podem ser moralmente reveladas.

* Nilso Romeu Sguarezi é advogado. Foi deputado federal constituinte de 1988. É defensor da PEC de iniciativa popular para uma constituinte exclusiva, do voto distrital e de candidaturas independentes 

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