Após fim da censura, plenário do Supremo deve derrubar restante do inquérito de Tóffoli

Dias Toffoli e Alexandre de Moraes. - Foto Orlando Brito

Legalmente controverso, com despachos discutíveis e atacado por todos os lados, o inquérito aberto pelo presidente do STF, ministro Dias Tóffoli, para apurar ataques à Corte está com os dias contados. A primeira baixa veio nesta quinta-feira (18) após um duro texto do decano da Corte, ministro Celso de Mello. Sob pressão, Alexandre de Moraes, relator do inquérito, revogou a censura que ele havia determinado aos sites “Crusoé” e “O Antagonista”.

Ministro Edson Fachin. Foto Orlando Brito

A reconsideração de Moraes não afetou o restante inquérito e, por isso, as sete ações que questionam a constitucionalidade da investigação não perderam a validade. Por ora, a deliberação caberá ao ministro Edson Fachin, relator desses processos, e a expectativa é que até semana que vem o magistrado decida liminarmente se mantém ou não o inquérito. Mas claro, a decisão final é do plenário e é aí que a situação de Tóffoli se agrava. Com base em precedentes e em falas públicas dos ministros, o colegiado do Supremo deve enterrar a investigação por maioria dos votos.

Isso porque publicamente o procedimento só tem o apoio dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Pelo histórico de decisões, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux podem até dar um voto meio termo e manter o inquérito, mas ambos possuem belas decisões contra abusos judiciais e defendendo a atuação do MP. Portanto, o apoio ao inquérito no colegiado dificilmente terá mais do que cinco dos 11 votos.

Ministro Marco Aurélio. Foto Orlando Brito

Por outro lado, o ministro Marco Aurélio já criticou publicamente a investigação e, com base em precedentes e posicionamentos no colegiado, é possível afirmar que os ministros Celso de Mello, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Edson Fachin e Roberto Barroso também vão caminhar no sentido do arquivamento do inquérito.

Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República – Foto Orlando Brito

Por se tratar de uma portaria do presidente do STF, internamente já se fala em discussão na sessão administrativa, que é secreta e, por isso, evitaria uma maior exposição do Tribunal. Mas, com ou sem a TV Justiça, a situação de Tóffoli e Moraes é bastante delicada na Corte, sobretudo depois da forte e contundente manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que “promovia” o arquivamento da investigação e criticava duramente a forma como o inquérito foi instaurado e distribuído.

Ao recusar o arquivamento proposto por Dodge, Alexandre de Moraes deixou os demais componentes do Tribunal expostos e tornou inevitável a discussão em plenário. Ainda há uma mínima possibilidade de o ministro reconsiderar e arquivar a investigação, assim como fez com a censura, mas já há feridas abertas com Ministério Público, Exército, Senado Federal e a imprensa. E a instituição Supremo Tribunal Federal está com a credibilidade abalada – logo quando o país mais precisava dela.

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