À medida que as investigações da CPI da Pandemia avançam em torno das omissões do presidente em relação ao combate à doença e da existência de irregularidades na compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde – a época comandado pelo general Eduardo Pazuello -, mais o governo se enrola e Bolsonaro se desespera ao ver sua popularidade despencar frente à opinião pública.
A velha tática, usada diversas vezes pelo bolsonarismo ao longo dos últimos dois anos e meio, de criar polemica em torno de algum outro assunto para desviar a atenção do que de fato está incomodando parece que não tem dado muito certo desta vez. Desde o depoimento dos irmãos Miranda à CPI, não desmentido pelo presidente até agora (já se passaram quase 15 dias), que Bolsonaro vem insistindo em desqualificar o sistema eleitoral brasileiro, colocando em xeque não apenas nosso modelo eleitoral, mas a própria democracia.
É bem verdade que a pendenga não é nova. No início do ano passado, em visita aos Estados Unidos, disse que apresentaria provas de que a eleição de 2018 havia sido fraudada. Nunca fez. Mas agora a insistência tem sido maior.
Nesta quarta-feira, em entrevista a rádio Guaíba de Porto Alegre, Bolsonaro voltou a colocar em suspeição a lisura das urnas eletrônicas, desta vez afirmando que o vencedor das eleições de 2014 foi o tucano Aécio Neves e não a ex-presidente Dilma Rousseff.
Sem apresentar uma única prova, sequer indícios das afirmações, Bolsonaro segue disseminando boatos, criando polemicas e despertando a desconfiança nos eleitores. É um comportamento completamente irresponsável, bem distante do que se espera de um chefe de estado.
Talvez esse tipo de atitude tenha algum objetivo que vai muito além de distrair a opinião pública. Afinal, Bolsonaro tem visto sua popularidade derreter, mas ainda mantém um porcentual de seguidores que podem levá-lo ao segundo turno. Caso perca a eleição, como as pesquisas estão apontando atualmente, ao lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral, o presidente pode estar criando um clima de guerra contra o resultado das urnas. Não é uma boa notícia.