Numa das piores fases de seu mandato, lutando pela reeleição mas já não muito otimista com o resultado, Bolsonaro se revela cada vez mais explosivo, irascível e grosseiro. Como sempre. Seus adversários também não estão lá muito otimistas. Afinal, de tantos que se arvoram em candidatos nenhum deles representa um padrão de competência, respeito, capacidade de trabalho e dedicação à solução dos problemas brasileiros. De todo o grupo de aspirantes nenhum deles positivamente se destaca, salvo pela ambição e a desconsideração aos eleitores.
Quando acontecem tais problemas nas eleições presidenciais, especialmente sendo os candidatos sempre repetitivos, iludidos a tentarem mais uma vez, na expectativa que desta vez algum conseguirá alcançar o mandato. Imaginem os eleitores se as perspectivas se realizarem, e a esperada eleição, qualquer que seja um dos vencedores, não seja capaz de apresentar nenhuma expectativa confiável, que apresente esperança aos brasileiro.
A maioria da população não mais acredita muito em eleições parlamentares, presidenciais, governamentais e municipais, inclusive porque, geralmente, os postulantes são os mesmos de sempre. O Lula chegou a ser uma grande novidade, inicialmente sem poderio eleitoral, o que viria a acontecer num dos pleitos seguintes. Ainda assim o sindicalista precisou aguardar duas eleições para, finalmente, se eleger.
E, quem diria, conseguir ainda se reeleger para o mandato seguinte, e depois encaixar no cargo a senhora Dilma, por mais dois mandatos como presidenta do nosso pobre Brasil. Não precisava tanta repetição para que cada um deles viesse a comprovar sua incompetência administrativa, política e moral.
A eleição de 2022 tem entre os pré-candidatos dois conhecidos da população, sendo um deles grosseiro, sem educação, debochado e provocador. Ex-militar e mau conceituado no Exército, é adepto disfarçado de um futuro golpe contra as instituições democráticas, aguardando apenas materializar-se sua viabilidade. Esses mais famosos são o Lula e o Bolsonaro. Deles ninguém esquece.
O Lula, acusado de alta corrupção e depois apresentado como anjinho, já foi presidente duas vezes, sem necessidade. Agora quer a terceira. O Bolsonaro foi deputado federal por 28 anos (Ufah!) e agora quer repetir a presidência, na qual aprendeu a ser motoqueiro e agora vive se exibindo nas vias públicas. Ele se acha o bonzão na motoca. Esses são os candidatos mais fortes a continuarem prejudicando a já sofrida nação brasileira.
As pesquisas de opinião pública demonstram preferência popular dividida entre o ex-capitão e o ex-sindicalista, ambos apresentando boa vantagem comparados aos demais pretendentes. Há suspeita de perspectivas de agravamento da situação política geral, devido a atos provocativos estimulados por Bolsonaro e radicais que o acompanham. O capitão acredita que tem prestígio entre os militares, mas é melhor confiar com discrição. Bolsonaro não consegue adotar comportamento educado, desconhece a ética e despreza a convivência humana. Ignora, enfim, os bons princípios.
Atentados contra crianças
Certamente inacreditável, realmente acontecido. Semana passada, o capitão aspirante a bi-presidente realizou façanha que nenhum cidadão consequente ousaria imaginar. Em Pau dos Ferros, pequena cidade no interior do Rio Grande do Norte, Bolsonaro carregou nos braços uma criança, pegando-a nos braços dos pais, retirou-lhe a máscara que protegia seu rosto contra a covid e a levantou sorridente para exibir ao público. Para ele, algum troféu.
Para os demais seres humanos, uma inexplicável insensatez. Mais ainda porque o Bolsonaro havia antes repetido o gesto, com outra criança, já de maior idade, que queria ler um verso. Por isso seria bom informar ao motoqueiro e candidato que a covid pega em qualquer ser humano, e pode matar. E que não usar a máscara protetora, ou retirá-la, não é questão de valentia, mas de ignorância. .
— José Fonseca Filho é jornalista