Nesta segunda-feira (31) o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, nomeou o médico veterinário Laurício Monteiro Cruz, para o cargo de diretor de Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis, em substituição a Marcelo Wada, servidor de carreira do órgão. Ambos são médicos veterinários, a diferença é que ao contrário de Wada, o novo diretor não tem qualquer experiência em imunologia.
Não é a primeira vez que Pazuello nomeia para um cargo no Ministério da Saúde alguém sem qualquer experiência na área. Em junho, Paula Amorim, amiga de loga data do atual ministro, assumiu a chefia do MS em Pernambuco, mesmo sem conhecer nada do setor, causando revolta nos servidores.
Preocupa a nomeação de uma pessoa sem qualquer expertise para o departamento que vai cuidar da estratégia de distribuição e aplicação da vacina contra a covid-19. Até pouco tempo, Cruz atuava como responsável técnico dos reservatórios da leishmaniose no Distrito Federal, que nada tem a ver com vacinação em massa da população.
Apesar de o Brasil ter grande experiência em campanhas de vacinação, é preciso lembrar que estamos vivendo uma pandemia de uma doença nova, onde ninguém tem imunidade contra esse vírus, e com características bem diferentes das viroses comuns que circulam pelo mundo.
Tanto é assim que, embora existam os chamados grupos de risco – idosos e pessoas com comorbidades como diabetes, hipertensão, obesidade, entre outras -, muitas pessoas jovens e saudáveis foram acometidas pela forma mais grave da doença, algumas delas, inclusive, indo à óbito.
Num país onde políticos se aproveitam para se favorecer de todas as formas – até com lista vip de exames da covid-19, como foi descoberto recentemente no DF – é preciso que a estratégia de distribuição e aplicação da vacina seja muito bem montada para que ela possa chegar a quem realmente precisa.
O Brasil é hoje o segundo país em número de mortos pela covid-19 – são mais de 120 mil mortos e quase quatro milhões de contaminados -, grande parte por (i) responsabilidade das autoridades que não souberam conduzir as ações para garantir o controle da doença no país. Por isso temos que ficar de olhos bem abertos e cobrar para que a vacina não seja politizada como aconteceu com a doença.