A tumultuada saída do Brexit e o antissemitismo

Theresa May e Angela Merkel - Foto 10 Downing Street

A pouco mais de um mês do fim do prazo para sair da União Europeia, o Reino Unido aprofunda o impasse em que se envolveu após o plebiscito que decidiu pelo Brexit em 2016. Os dois principais partidos do Parlamento – o Conservador, de Theresa May, e o Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn – estão rachados.

Enquanto isso, May empreende uma luta desesperada para conseguir um meio termo que faça com que a cúpula da União em Bruxelas aceite algumas atenuantes no processo de ruptura, marcado para o dia 29 de março.

Na quarta-feira (20) três deputadas do Partido Conservador deixaram a legenda e se juntaram a outros oito parlamentares do Partido Trabalhista, que dois dias antes anunciaram que estavam formando um grupo independente no parlamento britânico. Todos eles expressam uma posição mais centrista pela permanência Grã-Bretanha na União Europeia, contra a posição majoritária de seus partidos a favor do Brexit.

As três conservadoras acusam a primeira-ministra de se curvar a ala eurocética do seu partido. Em nota Sarah Wollaston, Heidi Allen e Anna Soubry afirmam que May lhes garantiu, quando lhes procurou para pleitear a liderança, que manteria uma posição moderada.

A primeira-ministra tenta se manter em posição de equilíbrio entre os que defendem o Brexit, aqueles que preferem uma saída negociada e os que querem permanecer na União Europeia.

Ilustração insitutodeengenharia.org,br

Na segunda-feira (18) sete trabalhistas acusaram Jeremy Corbyn de dissimular sua preferência pela saída da União Europeia. Na terça-feira mais uma parlamentar se juntou ao grupo. E fizeram uma acusação grave a Corbyn e sua ala, considerada de extrema-esquerda: antissemitismo.

A deputada Luciana Berger, uma das dissidentes, acusa Corbyn de transformar o Partido Trabalhista em “institucionalmente antissemita”, fantasiando esse estado de espírito em um fervoroso antissionismo. Joan Ryan acusa o Partido Trabalhista de “estar infestado de opiniões antissemitas desde quando Corbyn assumiu a liderança, em 2015.

A extrema-esquerda e a extrema direita, não só do Reino Unido, mas de toda a Europa e Américas, tem como inimigo comum a chamada globalização. Corbyn e a extrema-esquerda do Partido Trabalhista se manifestam contra o Estado de Israel.

Jamais deram uma declaração sobre um acordo de paz que contemple a convivência pacífica entre os dois povos. Até a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), outrora uma organização terrorista, já aceita um acordo.

* Luís Eduardo Akerman é jornalista e analista de política exterior. Ex-editor de Internacional do Jornal de Brasília.

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