Em abril deste ano, em entrevista ao portal Infomoney, eu disse que Geraldo Alckmin perderia a eleição sem saber o porquê. A abordagem do programa político do PSDB para tentar ultrapassar Bolsonaro e ter atribuído o estacionamento nas pesquisas ao apoio a Temer, como fez Tasso Jereissati, mostram que a busca por uma explicação continua.
O PSDB derreteu após usar a anticorrupção como mantra em 2010/2014, e para bancar o Impeachment de Dilma sendo, em seguida, alvejado pela operação Lava Jato. Outros argumentos são alegorias do abre-alas. Em vez de preparar seu eleitorado para ir de Ciro ou Haddad no segundo turno, antecipar o voto útil ao adversário direto e se engalfinhar com o MDB na campanha, a primeira coisa a se fazer era igualar Bolsonaro a si mesmo.
Como?
Trazendo ao centro da desconstrução do capitão as acusações contra ele em matéria ética. Se eficaz, o PSDB poderia levar vantagem nos demais assuntos, como experiência administrativa, propostas de gestão etc porque seria ao menos escutado pelos votantes que precisava conquistar.
Contra o PSDB, o petismo desde 2006 levou a maioria a uma escolha favorável aos indicadores socioeconômicos dos seus governos nacionais em detrimento dos da Era FHC e das denúncias contra o PT.
Não é mais o caso.
O que embala o voto em Bolsonaro não é a agenda econômica liberal de Paulo Guedes. O PT pode morrer abraçado ao rival tucano se, como ele, não chegar às conclusões certas. Precisa igualar o capitão a si mesmo. O antipetismo tem sido maior do que o lulismo por causa da anticorrupção. O primeiro turno provou que a operação Lava Jato não foi um romance de carnaval da sociedade.
O discurso democrático já está na conta de Haddad, tal como o balanço social das gestões petistas. O que também é bom saber é que sem sinalizar para o mercado, dificilmente converterá o centro liberal. E se sinalizar (e ainda receber apoios de centro-direita) sem reforçar o identitarismo, pode contabilizar deserções da turma que organizou o #EleNao.